Goiano no projeto do Colisor de Partículas

Goiano no projeto do Colisor de Partículas (Diário da Manhã, 11/11/2008)

Ivair Lima
Da editoria de Cidades



Arthur Marques Moraes, 30, natural de Rio Verde, é o único goiano que trabalha no gigantesco projeto do Grande Colisor de Partículas (LHC, pela sigla em inglês), complexo europeu de estudos de física que envolve 7 mil cientistas de 70 países. Físico formado pela Universidade Federal de Goiás (UFG), doutor pela Universidade de Sheffield, na Inglaterra, Arthur Moraes é um dos coordenadores de grupo do Laboratório Europeu de Pesquisa Nuclear, Cern, por sua denominação em francês.

O objetivo do LHC é desvendar mistérios do universo, como descobrir de que forma surgiu a matéria. As conseqüências práticas do trabalho de ponta dos pesquisadores são incalculáveis. De passagem por Goiânia, Arthur falou sobre LHC aos estudantes do Colégio Millenium e concedeu entrevista exclusiva ao Diário da Manhã. O cientista goiano diz que nunca, antes do projeto LHC, foi possível avançar tanto no conhecimento da Física.

Diário da Manhã - Como senhor foi parar no projeto LHC?
Arthur Marques - Acho que tive a felicidade de estar no lugar certo na hora certa. Quando decidi fazer doutorado fora, meus professores na Universidade Federal de Goiás me falaram muito bem da Universidade de Sheffield, na Inglaterra. Lá, pude fazer os contatos com as pessoas certas.

DM - O que justifica os R$ 10 bilhões de dólares investidos no projeto?
Arhur - Realmente é uma soma considerável e estão envolvidos 7 mil cientistas do mundo todo. Esse projeto, desenvolvido em 20 anos, permite estudos de Física que vão nos explicar como surgiram as galáxias. Na ponta prática, as pesquisas já geraram tecnologia para usar a radiografia no tratamento do câncer. É uma experiência fascinante. Se as informações geradas pelo projetos fossem acumuladas em CD, produziriam uma pilha de 20 quilômetros por ano. A internet foi o sistema eficiente encontrado para transmitir esses dados em tempo real.

DM - Quantos brasileiros participam do projeto?
Arhur - Cerca de 70. Não são todos os cientistas que permanecem na sede do projeto. Cerca de 2,5 mil ficam lá. Eu fico parte do tempo na Universidade de Glasgow, onde sou pesquisador, e participo de reuniões mensais. Utilizo muito o recurso da videoconferência.