Parabéns UFG e Perro Loco
Parabéns UFG e Perro Loco (Diário da Manhã, 12/11/2008)
Pablo Kossa
Na semana passada, tivemos a segunda edição do festival de cinema universitário Perro Loco, iniciativa mais que louvável dos estudantes da Faculdade de Comunicação e Biblioteconomia (Facomb) da Universidade Federal de Goiás (UFG). Não tenho como ser econômico nos elogios para descrever o quanto foi interessante e divertida a experiência de estar no Campus II como público deste evento. Só tive a oportunidade de acompanhar a parte de shows de sexta e sábado, e, mesmo com esse contato limitado com todo o universo da programação (que começava pela manhã e terminava na madrugada), pude perceber o quanto tudo estava bem organizado e dentro do esperado, atendendo perfeitamente as demandas dos presentes: ambiente agradável, som decente, boa estrutura de banheiros químicos, segurança eficiente, bar e alimentação funcionando dentro do esperado. O único pecado foi o descaso com o horário, pois o público goianiense não aceita mais atrasos incontroláveis na grade de programação, contudo essa falha não maculou a beleza e relevância de todo festival.
Como minha relação com a UFG é mais que visceral (me formei lá em Jornalismo, já trabalhei como servidor técnico-administrativo da Rádio Universitária, comecei o curso de Direito interrompido por minha pura falta de vocação para o campo jurídico, dei aulas como professor substituto da Facomb e agora sou aluno do programa de mestrado em comunicação), encontrei vários e vários conhecidos no Perro Loco. E a pergunta recorrente que surgia na conversa era: por que diabos não acontece um evento nessas características e porte ao menos uma vez por mês no Campus II?
Já está mais que provado que o espaço da UFG no Conjunto Itatiaia é perfeito para atividades culturais. A vizinhança é distante e não é incomodada pelo som, Goiânia carece de espaços com a característica do Campus para manifestações artísticas, o público universitário é mais que receptivo a eventos desse perfil... Sem atividades rotineiras e nos três períodos do dia, o Campus II parece um grande latifúndio improdutivo. Tanto espaço numa agenda tão escassa não é compreensível. Passou da hora da comunidade universitária fazer a reforma agrária cultural na UFG.
E para isso precisamos de maior protagonismo por parte dos estudantes, servidores e professores (e aqui vai um parabéns especial ao Neto e Jusceni, pela coragem e esforço de encabeçar toda história), pois já percebemos que a Pró-reitoria de Extensão e Cultura, por meio de Anselmo Pessoa, oferece abertura para isso. Bons projetos, profissionalismo na execução e compromisso com a UFG bastam para pleitear o apoio. Nada mais justo e coerente.
Não sei como é a realidade das outras faculdades, mas no caso específico da Facomb é claro e notório que também existe abertura da direção e coordenações dos cursos para que a vida cultural exista naquele prédio ao lado do bosque. O diálogo é facilmente construído, atingindo um ponto comum que possa atender às demandas de todos os envolvidos no projeto cultural que estiver em discussão.
O cinema é o foco principal do Perro Loco, embora ele também tangencie outras manifestações artísticas como música e artes visuais. Mas cadê o “Perro Loco” da UFG para a música contemporânea? Teatro? Artes plásticas? Literatura? Cultura popular? Eventos que saiam do ambiente acadêmico e ganhem a sociedade goianiense em um positivo diálogo que extrapole os muros do Campus são mais que urgentes.
Já aviso a todos da UFG: se for para ocupar o Campus II com cultura, podem contar comigo para o que for necessário.
Pablo Kossa
é jornalista, produtor cultural e escreve semanalmente no DM, e-mail: pablokossa@bol.com.br