Balcão de vendas tecnológico
Balcão de vendas tecnológico (Tribuna do Planalto, 15/11/2008)
Lourdes Souza
Comprar sem sair de casa e com acesso a lojas e produtos de outros Estados e países é a proposta do e-commerce - comércio via internet -, que projeta crescimento de 35% nas vendas neste ano em relação a 2007 no País. Em Goiás a previsão é de que as transações aumentem 50%. Esses índices fomentam as perspectivas de expansão de um mercado que movimenta R$ 8,5 bilhões por ano e espera conquistar 21,4 milhões de brasileiros que navegam pela internet, segundo dados do estudo Ibope/NetRattings.
Com o interesse em fomentar o avanço das vendas e compras on-line, o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae Goiás), a Comunidade Tecnológica (Comtec) e a Secretaria da Fazenda do Estado de Goiás realizaram a 3ª edição do Executive I.T. Meeting - Expo e-commerce, maior evento da Região Centro-Oeste, nos dias 13 e 15 de novembro, em Goiânia. O gestor do Arranjo Produtivo Local (APL) de Tecnologia da Informação, coordenado pelo Sebrae Goiás, Israel Witicovski, afirma que a adesão ao e-commerce é uma estratégia importante para a conquista de mercado. Mesmo sem dados oficiais, ele garante que, ao inserir o sistema de comércio on-line, a tendência é de que a lucratividade da empresa aumente em até 40% nos primeiros dois anos.
De olho em novos clientes, a empresa Impercia, que atua com especialidades químicas para a construção, agregou há um mês o e-commerce em site. Mesmo em fase de adaptação, a coordenadora de qualidade da empresa, Alessandra Matias Gouveia, afirma que o volume de vendas superou as expectativas iniciais. "Com este projeto, nossa intenção é estender nosso atendimento a todo o país. Atualmente atendemos os estados da região Centro-Oeste", diz ela ao comentar que os investimentos no novo sistema não são exorbitantes.
Isso porque o acesso ao sistema de e-commerce não é restrito às grandes empresas, afirma Regner dos Santos, responsável pela Interage Tecnologia, que desenvolve softwares de e-commerce. Segundo ele, é possível ter um sistema com manutenção de R$ 100 mensais. "Os preços estão cada vez mais acessíveis para empresas de todos os portes." Regner comenta que o setor também está em pleno desenvolvimento no Estado, onde há 270 empresas desenvolvedoras de softwares para o comércio eletrônico. Somente em sua empresa, ele prevê um avanço de 35% na produção de softwares para este segmento neste ano em comparação a 2007.
"O e-commerce é um dos setores de tecnologia da informação que mais cresce no Estado. E a procura não está restrita somente às lojas de livros e CDs. Ele está presente desde lojas de materiais de construção a produtos típicos de Goiás", diz. Ele também destaca a importância da Internet para a competitividade do mercado. Segundo suas estimativas, a produção de tecnologia para o e-commerce deve movimentar cerca de R$ 4 milhões com a venda de produtos neste ano somente em Goiás.
Avanços e mitos
Israel Witicovski, gestor do APL de Tecnologia da Informação, afirma que o mercado tem muito a crescer no Estado. Segundo ele, as projeções indicam que as vendas pelo e-commerce devem movimentar cerca de R$ 1,35 bilhão somente no Natal. Israel destaca outro diferencial do e-commerce: o preço mais baixo dos produtos. Isso se dá porque, segundo ele, o custo fixo para manter uma loja on-line é menor.
O gestor do Sebrae acredita que os índices de crescimento do setor em Goiás devem acompanhar as previsões para o Brasil. "Hoje, a participação brasileira corresponde a 43% do e-commerce praticado na América Latina. Esperamos um crescimento de 50% ao ano aqui em Goiás", diz. Segundo ele, as compras pela internet são seguras, mas ainda existem muitos mitos que precisam ser esclarecidos. Israel destaca que o consumidor não terá problemas se seguir regras básicas antes das compras. A primeira orientação é pesquisar o período em que a loja está estabelecida no mercado e sua idoneidade.
Atualmente, o comércio eletrônico não utiliza de depósitos bancários, as vendas são feitas somente por boletos bancários e cartões de crédito. Então, se alguma loja virtual pedir a realização de depósitos bancários, desconfie.
Outra dica de Israel: o internauta nunca deve fazer transações em computadores públicos. Informações confidenciais só devem ser repassadas pelos computadores particulares, o que, segundo ele, evita que os dados sejam captados por hackers ou contaminados por vírus. Além disso, nunca se deve responder a spams (e-mails em massa) enviados pelas lojas. Em muitos casos, a estratégia é utilizada para a disseminação de vírus pela rede.
De acordo com Israel, as compras pela internet são tão seguras quanto às presenciais. Os produtos oferecidos são os mesmos e a logística das empresas faz com que a entrega seja efetuada nos prazos corretos. "Mesmo sem uma legislação específica, o comércio eletrônico segue as mesmas regras do comércio tradicional. Então, se houver qualquer problema, os clientes podem reclamar nos órgãos de defesa do consumidor."
Micros e pequenas
Incentivar as micros e pequenas empresas a aderirem às novas tecnologias foi um dos focos do Sebrae Goiás com a realização do 3º Executive I.T. Meeting. Com o evento, o Sebrae orientou os empresários sobre a tendência do e-commerce e as vantagens que o sistema oferece aos pequenos empreendedores. Israel afirma que durante o encontro os empresários tiveram acesso a mecanismos para aumentar as chances de sucesso dos empreendimentos virtuais.
O evento reuniu cerca de 3500 participantes, que participaram também de debates, palestras, mostras tecnológicas e consultorias. Os consultores do Sebrae também deram dicas sobre os procedimentos para a abertura de lan houses. A Secretaria da Fazenda orientou sobre a adequação das empresas para a emissão de notas fiscais eletrônicas.
O evento paralelo Expo-commerce também foi outra oportunidade para o empresariado conhecer e praticar o comércio virtual, já que, através das consultorias das empresas de T.I, puderam sair com o site de comércio eletrônico pronto. Mais de 20 empresas de TI disponibilizaram seus serviços dentro da feira.
Incentivo ao setor
A meta do Sebrae é aumentar em 50% as ações para o fomento da competitividade entre os empreendimentos do setor de Tecnologia da Informação via o Arranjo Produtivo Local (APL). Desde 2004, o setor de tecnologia da informação tem como suporte o projeto, que é organizado pelo Sebrae Goiás desde 2004. O APL reúne 800 empresas ligadas ao setor, que, juntas, movimentam R$ 1 bilhão por ano. Somente no Estado são gerados sete mil empregos diretos com o foco principal no desenvolvimento de softwares.
A expectativa do Sebrae é que os resultados das ações desenvolvidas gerem resultados já no final do ano. Entre as conquistas do trabalho desenvolvido pelo APL está a criação da Estação Digital de Goiânia, resultado da cooperação entre a Prefeitura da Capital, Sebrae em Goiás, Comunidade Tecnológica de Goiás e Sindicato das Empresas de Informática, Telecomunicações e Similares do Estado de Goiás (Sindinformática).
Segundo Israel, a próxima conquista do setor deverá ser a construção de um pólo tecnológico da informação em Goiânia e do Centro de Excelência de Softwares em uma área da Universidade Federal de Goiás (UFG), sendo necessários R$ 67 milhões em investimentos.
Saiba mais
Mercado em alta
R$ 1,9 bilhão é a estimativa de faturamento das empresas virtuais para o 2º semestre trimestre de 2008.
81 milhões de internautas haviam comprado pelo menos uma vez pela internet no Brasil até maio deste ano.
R$ 330 é o valor médio destas compras
Os produtos mais vendidos por sites brasileiros são livros, informática, saúde e beleza, celulares e artigos eletrônicos.