Podas malfeitas ameaçam árvores

Podas malfeitas ameaçam árvores (Diário da Manhã, 20/11/2008)

Diogo Luz
Da Editoria de Política & Justiça

As podas realizadas nas árvores para manutenção da rede elétrica da Capital colocam parte da população em risco. A falta de apoio de especialistas e o corte malfeito expõem a planta a bactérias e a insetos. Eles ocasionam a morte prematura da planta e aumentam a possibilidade de queda repentina. A Agência Municipal de Meio Ambiente (Amma) identificou o problema e prepara uma equipe para monitorar o trabalho das prestadoras de serviço.

Professora de Paisagismo e Floricultura da Universidade Federal de Goiás (UFG), Larissa Leandro Pires alerta para os riscos de profissionais despreparados na poda das árvores. Ela explica que toda intervenção nas plantas é negativa para o desenvolvimento ecológico. No entanto, podas realizadas sem acompanhamento técnico podem lascar os galhos e expor as plantas a maiores perigos. “Os galhos lascados são a porta de entrada para fungos e bactérias. Eles apodrecem os galhos e podem se espalhar por todo o sistema. O resultado é a morte prematura.”

Larissa diz ainda que as árvores consomem mais energia quando precisam cicatrizar os ferimentos das podas realizadas para liberar a fiação. “O resultado é o atraso de desenvolvimento das plantas, diminuindo o tempo de vida.” Todos esses fatores aumentam os riscos para a população. “Como as espécies não são naturais da região, localizadas nas vias urbanas e de grande porte, em caso de queda, elas devem atingir casas ou carros.”

O DM publicou que apenas em um dia (13 de novembro) a Comurg registrou 20 quedas de árvores por causa da chuva. No Jardim América, um Fusca foi atingido. No Setor Vila Nova, um Polo Classic foi levemente danificado porque a árvore foi contida pela rede de energia elétrica.

A Amma notou o problema e trabalha para amenizar os danos. O gerente da Unidade de Conservação da Agência, Antônio Esteves, afirma que o órgão contratou quatro técnicos para acompanhar o trabalho das prestadoras de serviço. “Foi concedida a licença para as empresas podarem as árvores que estão na rede elétrica em 2006. Os técnicos vão acompanhar as equipes em campos para monitorar a qualidade das intervenções.”

Atualmente, as empresas apresentam relatórios semanais para a Amma. A Agência também é responsável por autorizar as podas. Técnicos fazem a vistoria das árvores próximas à rede elétrica. As que colocam em risco a vida da população são marcadas. “Só então as empresas podem realizar os cortes”, afirma Antônio. Apenas neste ano foram realizadas 123 mil podas na chamada “rede viva” (com a fiação transmitindo energia).

Multa
A Amma também registra outro problema com freqüência: a poda realizada por moradores sem autorização. Antônio explica que nestes casos a lei ambiental prevê multa no valor de R$ 900. A pessoa que deseja retirar uma árvore da porta de casa pode solicitar o serviço à própria Amma ou à Comurg. O processo custa R$ 30. Os técnicos se dirigem até a residência para analisar os riscos de queda da árvore. Caso seja necessária a retirada, o serviço é gratuito. Se alguém quiser denunciar uma extração irregular, a Amma disponibiliza a “Linha Verde”. O telefone é o 161.

O presidente da Comurg, Wagner Siqueira, afirma que é possível retirar uma árvore sadia a pedido de qualquer pessoa. A saída para estes casos é optar pela compensação ecológica. O interessado abre processo, e a Comurg retira a árvore. Então, o morador deve plantar duas espécies nativas, que terão o desenvolvimento acompanhado pelo órgão. “Assim, o contribuinte resolve o seu problema, e a natureza sai ganhando com a recuperação da flora natural.”