Nova safra da moda
Nova safra da moda (Diário da Manhã, 10/12/2008)
Lilian Cury
da Editoria do DMRevista
A moda goiana vai contar em breve com mais criatividade para incrementar o mercado do Estado. A previsão positiva é dada com base no FAV Fashion, realizado na noite de segunda-feira na Mansão Boulevard. O evento anual, que está na terceira edição, apresentou as criações dos formandos em Design de Moda da Faculdade de Artes Visuais, da Universidade Federal de Goiás.
Nesta edição, a proposta foi levar às passarelas uma visão artística do universo “kitsch”. A palavra alemã, que traduzida literalmente significa lixo, é estritamente ligada à massificação da arte, à reutilização de coisas velhas como novas e ainda ao mau gosto. Por outro lado, o kitsch é o popular, uma manifestação da cultura de massa, que, por sua vez, engloba o cotidiano da sociedade.
Elementos em desuso, exageros e brega-chique – tudo serviu como inspiração aos formandos, que realizaram individualmente suas coleções e escolheram três looks cada para o evento. A atmosfera retrô prevaleceu nos desfiles. Chacrinha, Sidney Magal e até os “brotos” do Roberto Carlos foram vistos nas coleções dos alunos, numa proposta para o outono/inverno de 2009. Outros itens populares, como ímãs de geladeira, babados de jogos de cozinha para forrar botijão de gás e bobes no cabelo foram repaginados para virar moda.
Comprimentos curtos, corte evasé nas saias e uma cartela de cores variadas, desde tons escuros como preto e azul marinho, até rosa pink e vermelho são as apostas dos estudantes para vestir as mulheres modernas na estação fria. A moda infantil também foi representada por tons pastéis e roupas confortáveis de algodão com apliques de pano, numa alusão à infância pura, sem pressa de crescer.
A busca pelo conforto foi seguida pela linha de underwer, com padronagem mais ampla, que lembra pinups, com listras, babados e tecidos transparentes, para não deixar a sensualidade de lado.
Por dentro
Nos bastidores, o clima era de correria. Apesar do profissionalismo apresentado nas criações, para a maioria dos jovens designers, era o primeiro desfile. O condicionador de ar quebrado parecia não colaborar com tanta maquiagem e laquê das mais de 40 modelos, o que contribuiu para aumentar ainda mais o clima de nervosismo e ansiedade no local.
Os nervos à flor da pele tomaram conta da formanda Danielly Goulart, quando esta, que trabalhou na criação de bijuterias, viu um dos pingentes dos colares despencar momentos antes do desfile. O susto logo passou quando uma super bonder, no improviso, resolveu bem o problema.
Mais calma, mas não menos ansiosa, estava a jovem designer Emília Pereira. No local desde as 9 horas da manhã (o desfile começou às 21h), conferia de perto os últimos retoques e a vestimenta das modelos.
Realizado pelos alunos, o evento custou cerca de R$ 11 mil, saído do bolso também dos estudantes, que tentaram reaver o investimento com a venda de ingressos ao público em geral. As famílias, tão ansiosas para ver o desfile quanto os alunos, responderam à altura e compareceram em peso lotando o salão e aplaudindo calorosamente ao final.