Erros acontecem por falta de preparo

 Erros acontecem por falta de preparo (Diário da Manhã, 12/12/2008)

Wanda Oliveira

Cinqüenta e nove processos foram instaurados no Estado para investigar condutas éticas profissionais de médicos que fizeram cirurgia plástica sem ser habilitados. Destes, dez casos em conseqüência de mortes. Levantamento realizado entre 2000 e 2008 pelo Conselho Regional de Medicina de Goiás (Cremego) mostra que 77,96% dos denunciados não têm especialização neste tipo de procedimento.

Entre eles, aparece o nome do ortopedista boliviano Pastor Contreras Zambrana, 54, dono do Hospital Santa Margarida, em Palmeiras de Goiás. O médico, formado na Bolívia, revalidou o diploma dele na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás (UFG). Depois registrou-se no Conselho Regional de Mato Grosso e desde 1988 tem cadastro no Cremego.

Contreras é o responsável pela aplicação da anestesia que causou a morte da dona de casa Elaine de Paula de Sousa Martins, 28, na última terça-feira (9). A vítima faria lipoaspiração quando, segundo disse o médico ao DM, ela teve três crises convulsivas e uma parada cardiorrespiratória. O Setor de Processos do Cremego revela que apenas 22,04% dos médicos denunciados a partir de 2000 tinham título de cirurgia plástica. Atualmente, dos mais de 8,7 mil registrados na autarquia, 131 têm título de especialista.

Dos 59 processos, 15,25% são especialistas em outras áreas. Em oito anos, apenas um registro médico foi cassado no Estado. Trata-se do caso mais dramático no mercado da cirurgia plástica, do ex-médico Denísio Marcelo Caron. Ele é acusado de homicídio doloso pela morte de cinco mulheres, em Goiânia e Brasília, além de ser alvo de 35 denúncias por erro médico. Caron não tinha nenhuma formação em cirurgia plástica. Ele é procurado pela Justiça para ir a júri popular.

Presidente do Cremego, Salomão Rodrigues explica que, conforme a Resolução nº 1.711/03, para ser especialista em cirurgia plástica existe a necessidade de treinamento específico para a sua execução, sendo indispensável a habilitação prévia em cirúrgia geral. “Não existe lei que proíba o médico de operar. Porém, cirurgia plástica deve ser exercida por um cirurgião plástico. O conselho não reconhece o curso complementar de final de semana porque não existe registro de especialização.”

O Conselho Federal de Medicina (CFM) intitula que só pode ser considerado cirurgião plástico aquele que, além dos seis anos de Medicina, fez dois de residência em Cirurgia Geral e três em Cirurgia Plástica. O candidato deve ser ainda aprovado em uma avaliação da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica para obter o título de especialista. Contreras afirma que exerce há 25 anos a profissão e teria feito curso complementar de final de semana.

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Ranking das cirurgias plásticas

Brasil

 

  • Lipoaspiração
  • Prótese e redução mamária
  • Plástica de abdome
  • Rinoplastia
  • Face e pálpebras
  • Prótese de nádegas

    Goiás
  • Lipoescultura
  • Mamoplastia
  • Plástica de abdome
  • Nariz
  • Face
  • Pálpebras
  • Nádegas

    Estatísticas
  • 2º lugar é a posição que o Brasil ocupa no ranking mundial de cirurgias plásticas, atrás somente dos EUA
  • 15% das cirurgias plásticas feitas no Brasil em 2006 foram em adolescentes
  • 160 é o número de cirurgiões plásticos existentes em Goiás

    Dicas
  • Consulta – Certifique-se de que o cirurgião é credenciado nos bons hospitais da cidade, mesmo que tenha a própria clínica e centro cirúrgico
  • Médico – Consulte um cirurgião plástico, do qual você tenha indicação de pessoas de sua confiança. Durante a consulta, veja se sente segurança e simpatia pelo profissional
  • Exames pré-operatórios – Faça corretamente os exames laboratoriais e a avaliação cardiológica, além de uma consulta com o anestesiologista, quando poderá tirar suas dúvidas sobre a sedação

    Anote
    Saiba se o médico é cadastrado:
    Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (www.cirurgiaplastica.org.br)
    Conselho Regional de Medicina de Goiás (www.crmgo.org.br)