Olhos para o céu

Olhos para o céu (Diário da Manhã, 28/01/09)

Entre os brinquedos, bosques e dinossauros de fibra do Parque Mutirama se revela um prédio diferente. É o Planetário da Universidade Federal de Goiás. Há 38 anos a construção de formato circular recebe estudantes, pesquisadores e curiosos para mostrar, em projeções, algumas formas do universo. Planetas e seus satélites, a lua, estrelas. O céu que seduz com mistério revela-se sem no entanto se deixar desvendar por completo, como que para não perder a graça e o encanto. Para comemorar o Ano Internacional da Astronomia, em 2009, o Planetário da UFG preparou programação para o ano todo, com datas escolhidas especialmente para que o público possa observar os astros com telescópios.

No lançamento do evento, dia 23, os planos não deram muito certo graças à chuva que insistiu em cair. Mesmo assim, cerca de 80 pessoas reuniram-se no prédio para assistir às palestras sobre Galileu Galilei e os 400 anos de observação dos astros com telescópio. Dia 6 de fevereiro tem nova tentativa, com direito a espiar os astros, projeções no teatro aberto ao lado do prédio e palestras, tudo gratuito. A intenção é observar a Lua em fase crescente, planetas, nebulosas e aglomerados de estrelas. Tudo será orientado por professores e alunos da Universidade Federal de Goiás. Para entrar e usufruir da programação, é preciso chegar cedo e pegar uma senha.

Embora as datas dos próximos eventos já estejam marcadas, os assuntos ainda não foram definidos e só o serão com a proximidade de cada evento. Tudo vai depender das condições do tempo, para não criar expectativas no público e depois elas não serem atendidas. No caso de chuvas, a programação externa, como projeções no teatro aberto e observação com telescópio, será cancelada. Mas ainda assim haverá projeções no espaço interno e palestras no auditório.

Galileu
No Ano Internacional da Astronomia, astrônomos do mundo todo lembram a primeira observação astronômica realizada com telescópio por Galileu Galilei, há 400 anos. Será uma celebração global da Astronomia e suas contribuições para o conhecimento humano, com ênfase na educação, no envolvimento do público e no engajamento dos jovens na ciência, por meio de atividades locais, nacionais e globais. “Jataí, Goiânia e outras cidades do Brasil estão envolvidas, cada uma com as condições que possui. A intenção é fazer as pessoas olharem para o céu”, diz o astrofísico e diretor do Planetário, Juan Bernardino Barrio.
O céu não é só beleza e magia. Além do encanto que o estudo dos astros exerce sobre a maioria da população, a Astronomia é uma das ciências mais antigas e deu origem a campos inteiros da Física e da Matemática. Teve papel fundamental na organização do tempo e do espaço explorados pela humanidade. Forneceu as ferramentas conceituais para a astronáutica, para a análise espectral da luz, a fusão nuclear, a procura de partículas elementares. Os observatórios sempre estiveram na fronteira da óptica, da mecânica de precisão, da automação, da detecção e processamento de sinais. Hoje, telescópios no solo e no espaço captam informações em todas as faixas do espectro eletromagnético, desde os raios-gama a ondas longas de rádio. Ela teve e tem profundo impacto no conhecimento e é uma das mais refinadas expressões do intelecto humano.

Mesmo com praticamente nenhuma divulgação de seu trabalho na mídia, o Planetário recebe por ano 40 mil pessoas. Grande parte do público vem de escolas e instituições de ensino em geral.

A programação intensa de 2009 busca mostrar não só a fascinação da Astronomia, mas também o trabalho da instituição e a facilidade de acesso ao conhecimento encerrado entre as frias paredes do prédio. “É mostrar como as coisas funcionam, como a busca por esse conhecimento é instigante”, conclui Juan.