Número de formandos quintuplica
Número de formandos quintuplica (O Popular, 04/02/09)
De acordo com o INEP, em 2007 mais de 26 mil concluíram curso superior. Em 1991, foram 5,1 mil
Patrícia Drummond
Em 16 anos, é cinco vezes maior o número de formandos em Goiás. Em 1991, o número de estudantes concluintes de um dos 133 cursos existentes, até então, no Estado, era 5.135. Em 2007, os formandos somaram 26.574, distribuídos entre um total de 811 cursos registrados em municípios goianos. Outro número que também cresceu foi o de instituições de ensino superior: de 30 em 1991, saltou para 75 em 2007.
Os dados relacionados são do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC), que divulgou ontem os resultados do Censo da Educação Superior de 2007. Para o professor Jorge de Jesus Bernardo, presidente da Associação das Mantenedoras do Ensino Superior de Goiás (Asmeg), não há dúvida de que o setor privado de centros universitários, faculdades e universidades contribuiu, com o início de sua expansão, na década de 90, para o crescimento do número de brasileiros com diploma.
“Até então, a maioria das pessoas não conseguia chegar à faculdade, porque é uma característica do nosso País o ensino público superior receber apenas a elite”, argumenta Bernardo. “Existia uma grande demanda reprimida, por falta de acesso ao curso superior público e gratuito, que as instituições particulares acolheram”, acrescenta.
O presidente da Asmeg avalia, contudo, que o mercado ainda não está consolidado. “A tendência do setor privado não é simplesmente expandir, mas buscar a máxima qualificação dos seus cursos”, destaca, lembrando que, com as avaliações realizadas pelo MEC e com a consequente exigência dos futuros universitários, “instituições caça-níqueis não terão mais lugar na área da educação superior”.
Ged Guimarães, doutor em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e diretor da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Goiás (UFG), entende como positivo, de modo geral, o aumento do número de formandos, em nível superior, de 16 anos para cá. Mas faz uma ressalva: o ideal, afirma, seria que o futuro profissional tivesse, de fato, a oportunidade de escolher entre fazer o curso de seu sonho em uma instituição pública ou em uma particular.
“O que se vê, atualmente, é que não há opção. A rede pública de ensino superior não vem ampliando sua oferta de vagas na mesma proporção que a rede privada, o que seria ideal”, pondera Ged Guimarães. “Existem ações como o Reuni e a política de cotas, que visam suprir um pouco a carência das instituições de ensino superior públicas, mas, mesmo assim, essa demanda reprimida não tem como ser atendida”, completa.
Vagas ociosas
Na avaliação do especialista, não importa se o aluno se forma em uma instituição pública ou particular; mais importante que isso é considerar a qualidade do ensino que recebe. Nesse aspecto, sublinha, as particulares – com exceções – deixam algo a desejar: o investimento em pesquisa e extensão, que propicia a produção – e não apenas o repasse – de conhecimento.
Outros números da educação superior em Goiás chamam a atenção. De acordo com as estatísticas oficiais divulgadas pelo Inep, as universidades públicas e particulares, centros universitários e faculdades com sede no Estado ofereceram, juntos, em 2007, 105.019 vagas – 15.540 em instituições públicas e 89.479 na rede privada. Mesmo com a maior fatia do bolo disponível em número de vagas, as instituições particulares sofrem com a ociosidade: no ano passado, foram 54% de vagas oferecidas e não preenchidas, contra apenas 7,6% nas públicas.
A coleta de dados sobre o ensino superior é realizada anualmente pelo Inep, com o objetivo de oferecer informações detalhadas sobre a situação atual e as grandes tendências do setor, tanto à comunidade acadêmica quanto à sociedade em geral. O censo reúne informações sobre as instituições de ensino superior, seus cursos de graduação presencial ou a distância, cursos sequenciais, vagas oferecidas, inscrições, matrículas, ingressantes e concluintes, além de informações sobre docentes, nas diferentes formas de organização acadêmica e categoria administrativa. A íntegra do documento está disponível no endereço eletrônico www.inep.gov.br.