Bebedeira e agressão durante a festa
Bebedeira e agressão durante a festa (O Popular, 11/02/09)
Patrícia Drummond
A comemoração no Parque Vaca Brava, ontem, terminou sem final feliz para o estudante Welisson Gonçalves Silva, de 23 anos, aprovado na Universidade Federal de Goiás (UFG) para o curso de Direito. Por volta das 15h30, ele foi agredido por um policial militar, porque se recusou a entregar uma garrafa de vodca. Acabou detido e levado para o 4º Distrito Policial (DP), onde foi registrado Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) contra ele por resistência, desobediência e desacato.
A cena – registrada em uma câmera digital por Leonardo Alexis, de 19, calouro de Geografia e amigo de Welisson – foi testemunhada por várias pessoas, entre elas a estudante de cursinho Débora Barbosa Neiva, de 19. “Bateram o rosto dele em um poste, algemaram e deram soco sem necessidade, pois o garoto não apresentou nenhuma resistência. Só não quis entregar a garrafa, argumentando que não estava fazendo nada de errado”, conta Débora, que ajudou a esconder a câmera com as imagens gravadas.
“Se fosse com um amigo meu, eu também gostaria que ajudasse. Foi uma violência gratuita”, acrescenta a estudante. Leonardo Alexis, que integrava o grupo de Welisson, explicou à reportagem que, embora já tivessem bebido vodca, na hora da abordagem a garrafa continha água mineral. “Welisson não teve tempo de explicar que o conteúdo era água e não, álcool; partiram para cima dele com tudo e ainda quiseram me intimidar por causa da gravação”, declara.
Welisson conta que foi abordado pelo 1º tenente Ródnei Rodrigues na área delimitada pela polícia aos estudantes no parque. O policial teria pedido a garrafa de vodca, mas o rapaz se recusou alegando que havia apenas água. Com a recusa, o policial teria imobilizado Welisson. Em seguida o teria levado para perto de uma viatura, onde teria ocorrido a agressão. “O capitão disse que eu devia respeitar a PM e me deu um tapa na cara e depois um soco. Caí desacordado”, diz.
Welisson foi levado por agentes da polícia civil ao Instituto Médico-Legal (IML), onde ficou constatado que o rosto dele tinha escoriações. O estudante pretende acionar a Corregedoria da PM e entrar com representação contra os policiais por meio do Ministério Público estadual (MP).
O assessor de comunição da PM, coronel Sérgio Katayama, disse que ainda não teve acesso às imagens gravadas, mas que o caso será apurado pela Corregedoria e pelo 1º Batalhão. Se a agressão for comprovada, os policiais podem ser punidos administrativamente ou até criminalmente. “Se ele realmente estava algemado e o policial o agrediu, isso não se justifica”, afirma.
Além dos tradicionais ovos e farinha de trigo, sol quente e álcool foram dois ingredientes que fizeram parte da comemoração no Vaca Brava. Para quem acompanhou de perto a festa dos calouros da UFG, não foi difícil encontrar jovens amparados por colegas, desacordados ou alterados por causa da bebida. Em intervalos de tempo, policiais percorriam o espaço onde os estudantes se aglomeravam para recolher as garrafas – principalmente de vodca e pinga.
Outro incidente ocorrido na tarde de ontem foi o atendimento do Corpo de Bombeiros à estudante Carolina Gomes Siqueira, de 19 anos. Passando muito mal, segundo relato da Assessoria de Comunicação da corporação, ela foi levada, às 16h08, ao Hospital de Urgências de Goiânia.