Comemoração e excessos após resultado
Comemoração e excessos após resultado (Diário da Manhã, 11/02/09)
Com a lista de aprovados no vestibular da Universidade Federal de Goiás (UFG) divulgada às 11 horas de ontem, muitos seguiram para comemoração ao lado do Goiânia Shopping, nas proximidades do Parque Vaca Brava, em Goiânia. Além de muita sujeira, alguns excessos foram registrados. Segundo testemunhas, um policial militar teria agredido um dos estudantes que comemoravam com amigos no local. Corpo de Bombeiros e Polícia Militar realizaram esquema especial para atuar durante o período de comemoração dos jovens e evitar maiores transtornos no parque.
Mais cedo, antes da festa, o esforço para conferir o nome na lista dos aprovados na Universidade Federal de Goiás (UFG) foi grande. Um dos estudantes aprovados foi Eduardo Rudson Souza Nunes, 20, que passou para Filosofia em 20º lugar. Ele tentava pela segunda vez. “Eu estudei demais. Estou muito feliz.” Mas a rotina de concentração nos conteúdos cobrados no vestibular não é uma realidade de todos os calouros.
Diferente do selecionado para Filosofia, o recém-aprovado Roniery Rodrigues Machado, 17, que conseguiu a vaga no curso de Direito pelo sistema de cotas por concluir o ensino médio em escola pública, não fez planejamento de estudos para alcançar um lugar na UFG. “Estudei o normal de todo ano. Não deixei de sair por causa das provas”, declara. Ele fez 169,4 pontos. Como era cotista, precisava apenas de 166,3. Mas, se não tivesse concorrido pelo sistema de cotas, seria reprovado.
Durante a comemoração no Vaca Brava, era possível notar a insatisfação de muitos candidatos e amigos de calouros que reclamavam da existência do sistema de cotas.
Classificada em 29º lugar em Medicina Veterinária, Adriana Pereira Furtado, 18, que tentou vaga na UFG pela segunda vez, não precisou da cota de escola pública para conseguir entrar na universidade. Mesmo inscrita como aluna da rede federal de ensino, a jovem fez 140 pontos, 4,6 a mais do que o ponto de corte universal, válido para todos os candidatos.
Adriano Gomes, 18, também cotista de escola pública, conseguiu mais de 30 pontos acima do necessário para ser aprovado caso não tivesse feito inscrição pelo sistema de cotas. A nota mínima exigida foi de 121,5, e a do estudante superou os 150. O calouro relata que deixou de sair durante o ano passado para se dedicar à rotina diária, que ultrapassava oito horas de estudo.
Aprovada no curso de Ciências Sociais com a ajuda da cota de escola pública, Jaqueline Silvestre Silva, 18, que se considera negra, diz que o sistema ajuda a diminuir a diferença que há na qualidade do ensino oferecido por escolas públicas. Para ela, colégios particulares têm melhores condições de capacitar alunos a passar no vestibular.