Álcool avança em regiões prioritárias

Álcool avança em regiões prioritárias (O Popular, 16/02/09)

Áreas prioritárias para a conservação do Cerrado estão sendo invadidas pela cana-de-açúcar. Ao fazer o levantamento desses espaços, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) constatou que pelo menos 16 áreas são ameaçadas pela entrada da cana. Dessas, 3 estão em Goiás.

Dos seis Estados mais importantes no processo de expansão das usinas de álcool, Goiás é o que mais ampliou a área cultivada pela cana. Entre a safra de 2006 e a atual safra, houve um aumento de 111,8% das áreas ocupadas por canaviais, conforme constatação do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), por meio do projeto Canasat. É uma ampliação superior à verificada em Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Paraná, São Paulo e Mato Grosso.

A área de Goianésia e Barro Alto, prioritária para a conservação do Cerrado, é ameaçada por “intensa atividade agrícola” e pela mineração, conforme o levantamento do MMA. O cultivo da cana, de seringueiras e de tomate na região pode representar novos desmatamentos, segundo a interpretação do ministério.

A construção de novas usinas hidrelétricas em Goiás – 15 estão previstas para os próximos dez anos – e de pequenas centrais geradoras de energia é citada como um fator de ameaça à biodiversidade em diferentes áreas prioritárias. Outros riscos são erosões, queimadas, garimpos, carvoarias, projetos de irrigação, tráfico de animais silvestres, expansão das cidades e grilagem de terras.

“O fato de a maior parte dessas áreas estar desmatada não tira a importância desses locais. A área se torna ainda mais prioritária, com necessidade de ações urgentes”, ressalta o gerente do Programa Cerrado, Mário Barroso. Os estudos do Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento (Lapig), da Universidade Federal de Goiás (UFG), mostram que as áreas mais preservadas estão em regiões com baixo índice de desenvolvimento humano. Por isso há a necessidade urgente de “políticas compensatórias e de inclusão social”, segundo os pesquisadores.

Para reverter os índices de desmatamento, os pesquisadores do Lapig sugerem também o estímulo ao uso do solo em áreas já degradadas e em pastagens menos produtivas.