Troca de cadáveres revolta família

Troca de cadáveres revolta família (O Popular, 11/03/09)

Aposentado Antônio José de Souza, de 87 anos, foi trocado pelo corpo de desconhecido

Malu Longo

A madrugada de ontem foi de muito sofrimento para a família do oleiro aposentado Antônio José de Souza que, aos 87 anos, morreu horas antes no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás, em consequência de uma parada cardíaca. Não bastasse a perda do patriarca, o corpo que chegou para ser velado pelos familiares no Bairro Recanto das Minas Gerais, na região leste de Goiânia, era de um desconhecido, com peso e altura diferentes e a metade de sua idade.

Com a idade avançada e sofrendo de enfisema pulmonar, o aposentado costumava ser levado para o HC para atendimento médico. Foi o que ocorreu na segunda-feira, por volta das 21 horas, mas ele morreu uma hora depois. Comunicados e com o laudo médico nas mãos, familiares se deslocaram para a Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas, antiga Fumdec) e para a Funerária Fênix para providenciar o velório. “Ficamos em casa aguardando o corpo, mas a todo momento alguém da funerária ligava para dizer que não tinha condições de fazer o velório”, contou a neta de Antônio, Andréia Jovita. Segundo ela, uma pessoa de nome Fábio, chegou a dizer que o avô dela “parecia uma pipa de tão inchado e com secreções”, por isso precisava ir direto para o cemitério. “Ainda argumentei que meu avô era muito magro”, relatou Andréia.

Diomício Gomes

Antônio José de Souza morreu aos 87 anos

A troca de telefonemas entre os familiares do aposentado e a funerária durou toda a madrugada. Por volta das 5 horas, Andréia exigiu que o corpo fosse levado até o salão, onde seria velado, no mesmo bairro. “Levamos um susto. Minhas tias passaram mal. É uma falta de respeito com a família”, reclamou Daniela Jovita, outra neta. O corpo entregue à família Souza era de um homem, com idade de 45 anos, que havia morrido por volta das 18 horas no HC. “Era um caso complicado que não tinha diagnóstico, por isso estava no necrotério para ser levado para o Serviço de Verificação de Óbitos (SVO) no dia seguinte”, explicou ontem o diretor do HC, José Garcia.

Andréia Jovita contou que o avô foi atendido na reanimação, numa tábua colocada no chão, e lá permaneceu até as 6 horas de ontem quando o HC foi comunicado da troca dos corpos. Rael Tavares, supervisor da Funerária Fênix, informou que a empresa procura buscar os corpos em hospitais, sempre pela porta da frente, mas nem sempre o tratamento é adequado. “A gente não trabalha com fotografias, e sim com o nome e com números”, afirmou. Para o supervisor, o erro foi de todos, da funerária, do hospital e dos familiares deAntônio José de Souza, por não terem acompanhado a entrega do corpo.

Tocantins
Em Araguanã (TO), Sebastiana Cunha recebeu o corpo de um homem que diz não ser o do marido, o lavrador José Lima Barbosa, de 44. Familiares e amigos desconfiaram do tamanho e do peso do cadáver. O motorista da empresa funerária chegou a abandonar o caixão no meio da rua. Mesmo assim, cumprindo orientação do delegado da cidade, Euclides da Mota Silva, o corpo foi sepultado. Em nota, a assessoria de comunicação do Hospital de Doenças Tropicais(HDT) de Araguaína, diz que o corpo é de José Barbosa, única pessoa que morreu na unidade no domingo. O delegado disse que vai pedir exame de DNA do morto para identificá-lo.