Família de aposentado recebe corpo errado para velório
Família de aposentado recebe corpo errado para velório (Diário da Manhã, 11/03/09)
A família do aposentado Antônio José de Sousa, 87, ainda está assustada com a entrega de um corpo errado para o velório em Goiânia. Parentes foram surpreendidos ao abrir o caixão e encontrar um cádaver do sexo masculino, de 40 anos de idade e com características físicas diferentes das do idoso. Filhos e netos descobriram o engano. Imediatamente, um funcionário da funerária desfez o erro.
A falha de identificação dos corpos aconteceu no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (HC-UFG) na manhã de ontem. Antônio José morreu por volta das 22 horas da última segunda-feira (9) em consequência de enfisema pulmonar. O corpo errado chegou às 5 horas para o velório. Somente depois de duas horas e meia foi que a família Sousa recebeu o cadáver certo na casa de uma das filhas, no Setor Recanto das Minas Gerais, na Capital.
A filha caçula do aposentado, a comerciante Nirce Jovita de Sousa, 44, conta ao DM que a falha aconteceu quando um funcionário da funerária foi autorizado por servidores de plantão do hospital a retirar o corpo que encontrava-se no necrotério. Segundo ela, o HC não se preocupou em colocar identificação no defunto, e a funerária, de checar a documentação. “Houve irresponsabilidade dos dois. Além do susto, ainda sofremos com esse descaso”, diz.
Nirce explica que o corpo levado por engano para o velório era de um homem novo, forte, alto e moreno. Já o pai era branco e magro. Após o susto, a comerciante e uma sobrinha foram ao HC. No local, encontraram o corpo de Antônio José estendido no chão em uma das salas de reanimação. Ela declara que procurou um das enfermeiras e comentou a falha, mas não houve pedido de desculpas.
“Uma das enfermeiras disse que havia horas que o corpo do meu pai estava ali. Que já havia chamado o maqueiro, mas ele dizia que logo buscaria e levaria o cadáver para o necrotério”, conta. Uma das netas, Andreia Jovita de Sousa, 35, lembra que quase desmaiou de tanto susto ao abrir o caixão. “Foi horrível aquela cena. Os filhos gritavam: ‘Não é meu pai!’ Os netos diziam: ‘Não é meu avô!’ Houve um erro que não poderia acontecer.”
O sepultamento aconteceu ontem, às 15 horas, no Cemitério Parque Memorial, em Goiânia. Depois de desfeito o engano, a família só tem um desejo: “Queremos que ele descanse em paz.” O aposentado tinha 11 filhos, 24 netos e 18 bisnetos. A pedido da família, os dados pessoais do outro cadáver não foram liberados pela direção do HC.
investigação
A direção técnica do Hospital das Clínicas instaurou processo administrativo para investigar o caso. Segundo o diretor-geral do HC, José Garcia Neto, esse é o primeiro caso de liberação errada de cádaver que ocorreu na unidade. “Falhas humanas acontecem, mas o erro foi corrigido e vamos apurar e punir os responsáveis.” A pena varia de advertência a demissão. O aposentado era paciente antigo do HC.
Para o supervisor da Funerária Fênix, Rael Tavares, o erro principal foi cometido pelos servidores do hospital, que deixaram de identificar o corpo que estava no necrotério. “A funerária retirou o corpo porque tinha autorização de um responsável do HC. Foi um erro de trabalho.”