Males respiratórios são os que mais matam

Males respiratórios são os que mais matam (Jornal Hoje, 21/03/09)

Levantamento feito pelo Departamento de Controle de Sepultamentos da Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas) revelou um aspecto curioso no registro de óbitos feitos em Goiânia nos dois primeiros meses do ano. Das mais de 1.500 mortes, registradas como naturais, 320 tiveram como causa mortis complicações em virtude de doenças pulmonares, 297 devido a males cardiovasculares e 199 por câncer.

O professor da área de pneumologia da Faculdade de Medicina da UFG, Ricardo Osório Dourado, afirma que não há nenhuma co-relação comprovada entre o aumento no número de óbitos por doenças pulmonares e o período compreendido entre janeiro e fevereiro. Porém, ele atribui o elevado número de mortes decorrentes de complicações de males respiratórios à grande poluição do ar nos centros urbanos. “A poluição, junto com o tabagismo, são os principais fatores causadores das patologias ligadas às vias aéreas”.

Ainda de acordo com o especialista, as doenças respiratórias já respondem pela maioria das internações hospitalares e atendimentos ambulatoriais prestado pelo SUS em Goiânia.

No caso das doenças provocadas pelo consumo de cigarro, o especialista explica que a solução passa principalmente pela conscientização da própria pessoa que fuma. “O paciente tem que querer parar de fumar e mudar seus hábitos. Costumo dizer que não há pessoa que não consiga parar de fumar, só se não quiser. O tabagismo é uma doença e a nicotina é uma droga como outra qualquer. Mas a solução desse problema depende muito mais do próprio paciente”.

Já com relação à poluição do ar, Rogério afirma que o poder público pode e deve ajudar em muito. “Em Goiânia, assim como em outras grandes cidades, a incidência de doenças respiratórias é grande devido a falta de áreas verdes que absorvam o CO2 (gás carbônico) liberado pelos milhares de veículos automotores e fábricas, e a falta de reservas hídricas (lagos e rios) que contribuem para o aumento da umidade do ar”. O médico destaca, inclusive, que Goiânia, por seu clima naturalmente seco, contribui em muito para o registro das doenças das vias aéreas. “Existe, inclusive, o projeto para a construção de um lago próximo à barragem do João Leite, o que amenizaria em muito o problema”.