UFG começa discussão sobre Enem

UFG começa discussão sobre Enem (O Popular, 13/04/09)

Universidade terá dificuldade de adotar nova orientação do MEC ainda nos vestibulares deste ano

Adriano Marquez Leite

A Universidade Federal de Goiás (UFG) se prepara para discutir esta semana os termos do documento que detalha o ambicioso plano do Ministério da Educação (MEC) para unificar os vestibulares do País ainda este ano. A proposta foi encaminhada aos reitores das Instituições de Ensino Superior (IES) na última quinta-feira e deverá ser votada nas próximas semanas. Dificuldades operacionais, no entanto, dificultam a adesão imediata.

O documento do MEC explica, pela primeira vez, como serão os procedimentos para as universidades que quiserem aderir ao processo seletivo único e, ainda, como os candidatos serão beneficiados com o novo sistema, que continua com o nome de Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

Na última reunião da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), semana passada, grande parte dos 53 reitores presentes se mostrou favorável à proposta do governo, embora entenda que é preciso amadurecer a ideia. Cada universidade deverá, agora, discutir o novo Enem e decidir como irá adotar o exame, ou não, nos próximos vestibulares que vão ser realizados. Como a maioria das instituições já começou a organizar o vestibular deste ano, é pouco provável que as maiores universidades adotem a proposta em 2009.

Para os candidatos, as possibilidades de entrar em uma universidade federal serão ampliadas, já que poderiam escolher até cinco cursos em instituições diferentes. Mas, dentro da UFG, há um questionamento de que a intenção do projeto não dê certo, já que os alunos da elite poderiam ser os maiores beneficiados e ficar com grande parte das vagas oferecidas principalmente pelas federais. De acordo com a presidente do Fórum Brasileiro de Pró-reitores de Graduação (Forgrad), Sandramara Matias Chaves, fatores como esse exigem análise do novo Enem, para que não haja um aprofundamento da exclusão social.

Sandramara também é contundente ao dizer que é contra outro ponto do projeto do MEC: a possibilidade de alteração das opções de curso pelos candidatos a qualquer tempo e quantas vezes quiser. Se por um lado o aluno poderia acompanhar as notas de corte e rever opções, aumentando suas possibilidades de seleção, por outro excluiria os estudantes que originalmente fizeram suas escolhas por afinidade pelo curso mas não obtiveram a nota de corte suficiente para ingressar nele.

Alguns pontos do novo Enem são interessantes, avaliou Sandramara. A proposta prevê uma prova que avalie de modo interdisciplinar o conhecimento dos estudantes do ensino médio, buscando a capacidade do aluno de estabelecer relações com outras disciplinas, avaliando habilidades e competências.

“O interessante desse ponto no projeto é que terá de haver um redimensionamento da educação do ensino médio no Brasil, para se adaptar ao novo do processo seletivo unificado, o que será excelente para os alunos”, disse Sandramara Matias.

Adesão
O novo Enem não implicaria na extinção de outros mecanismos de seleção por parte das universidades que fariam parte do sistema. Assim, seriam mantidos os processos de avaliação seriada e ações afirmativas de reserva de vagas para negros, índios, quilombolas e alunos da rede pública, como já faz a UFG.

Estão previstas ainda duas formas de utilização do vestibular nacional unificado. Em uma, a universidade aderiria ao Sistema de Seleção Unificada, considerando o novo Enem como fase única. O resultado seria processado pelo MEC, que ordenaria a lista de classificados.

A outra opção, no entanto, dá às universidades a chance de usar parcialmente os resultados obtidos pela prova. Entre os exemplos, está o uso do exame para substituir a primeira fase do processo seletivo da unidade de ensino ou ainda utilizar o resultado como parte da nota do vestibular. Atualmente, na UFG, o Enem representa 20% da nota de cada candidato na segunda fase do processo seletivo da instituição.