Dinheiro destinado à Fapeg não cobrirá despesas do ano
Dinheiro destinado à Fapeg não cobrirá despesas do ano (Diário da Manhã, 30/04/09)
Fundação contabiliza gasto anual de R$ 6 milhões. Pela lei, deveria receber R$ 12 milhões em 2009, mas repasse total vai atingir apenas R$ 5 milhões
Números da Fundação de Amparo à Pesquisa de Goiás (Fapeg) revelam que no orçamento deste ano já foram contratados R$ 6 milhões de serviços, editais e convênios. O repasse previsto pelo governo estadual de 0,1% no Orçamento 2009 corresponde apenas a R$ 5 milhões, o que não cobre as despesas da instituição. A quantia de 0,5%, que é contitucional, corresponderia a R$ 12 milhões, mas não será aplicada. No entanto, no evento do Encomex na terça-feira (28), no Palácio das Esmeraldas, o governador Alcides Rodrigues afirmou ter conversado com o presidente da Associação Comercial e Industrial de Goiás (Acieg), Pedro Bittar, para discutir o assunto. Pedro confirmou ontem que o governador vai estudar os números. “(Fapeg) É importante para o desenvolvimento de pesquisa em Goiás. No início do governo até iriam fechar a fundação, mas Alcides decidiu mantê-la, o que já agradecemos”.
No entanto, fontes do governo não querem detalhar a situação da Fapeg, nem comunicar os diálogos internos com o Fórum Empresarial, que luta para manter o repasse constitucional de 0,5% para a entidade, porque entendem que o assunto, que “era técnico, já virou jogo político”. Integram o Fórum Empresarial, além da Acieg, a Federação das Indústrias (Fieg), Federação Comercial, Industrial e Agropecuária (Facieg), Federação do Comércio (Fecomércio) e Sebrae.
O reitor da Universidade Federal de Goiás (UFG), Edward Madureira, também entrou no grupo a favor do aumento do repasse e quer colocar todos os setores da sociedade civil na luta. “Estamos abordando universidades, faculdades, grupos empresariais e as indústrias para fortalecer a causa”, enfatizou o reitor.
Assembleia
O deputado Evandro Magal (PSDB), líder do governo na Assembleia, continua defendendo que não há o que se discutir com entidades privadas, que estão fora do governo. “O que passamos para Fapeg é mais que o suficiente, não conseguem nem gastar. O fórum empresarial não entende o que acontece aqui, somos nós que decidimos. O secretário da Fazenda (Jorcelino Braga) já ligou para o Pedro Bittar e para o Paulo Afonso (presidente da Fieg) para acabar com o assunto”, declarou. De acordo com a assessoria de imprensa da Fieg, Braga não entrou em contato com Paulo Afonso. Bittar também não recebeu nenhuma ligação do secretário.
O deputado estadual Thiago Peixoto (PMDB) lembrou que a questão da Fapeg não é uma questão de quem é setor privado ou público. “A fundação é do Estado, abange a todos. Volto a afirmar que é um retrocesso para Goiás. Pensam que estamos discutindo uma coisa política. Não vejo assim. Estou defendendo o que é público”, afirmou. Terça-feira da semana que vem o caso volta a ser discutido em audiência na Assembleia.
Universidade quer investir no Estado
A Universidade de São Carlos (UFSC) elegeu Goiás como o Estado mais apto no Centro-Oeste a abrigar um Centro de Tecnologia de Materiais. A instituição divulgou ontem o resultado do estudo encomendado pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), do governo federal, para selecionar nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste as unidades federativas mais preparadas baseadas em critérios técnicos. Goiás disputava com Brasília. Porém, a diminuição de recursos da Fapeg pode ser um complicador, como avalia o assessor do Conselho Temático de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação da Fieg, Nélson Aníbal.
“O documento recomenda Goiás como melhor local. No entanto, a palavra final sobre a escolha será da Finep. O enfraquecimento da Fapeg pode tirar a nossa preferência e Brasília pode acabar sendo beneficiada”. Nélson Aníbal explica que todos os recursos aplicados pela Finep necessitam de contrapartidas estaduais. Daí a preocupação com a diminuição do orçamento da Fapeg.