Menor frota por veículos do País
Menor frota por veículos do País (Diário da Manhã, 04/05/09)
Capital tem um só ônibus para cada grupo de 484 automóveis, relação mais baixa em ranking de seis cidades de mesmo porte
Goiânia é a cidade com menor quantidade de ônibus por número de veículos, comparada às seis cidades do mesmo porte que oferecem serviço de transporte coletivo no País. São 485,4 carros e motos para cada ônibus. Mesmo com o incremento da frota no ano passado, a diferença na proporção aumentou. Em 2007 era de 443,4 veículos para um coletivo. O resultado desta equação são ruas congestionadas e trânsito lento. E mesmo com mais veículos particulares, os ônibus permanecem lotados.
Para o cálculo, nas frotas de veículos das cidades foram considerados apenas veículos de passeio e motos. Foram excluídos caminhões, caminhonetes e outros.
A proporção entre carros e ônibus em Goiânia supera a apresentada em Guarulhos (397,9), Campinas (324,6), Recife (241,6) e Porto Alegre (231,4) e é quase cinco vezes maior que a de Belém. Na capital paraense existem 102,6 veículos particulares para cada coletivo, que percorrem trajetos menores, numa área urbana de 50,04 quilômetros quadrados. Mensalmente são cerca de 6 mil novos veículos a ocupar as vias da capital goiana. Já a frota municipal de ônibus subiu de 991 para 1.351, desde 2007. Os números revelam que o usuário não tem deixado de usar carro pela opção do transporte coletivo, fato que se relaciona à qualidade do serviço prestado, mas também à renda, educação e política pública dedicada ao trânsito.
O levantamento aponta que o goianiense não abre mão do carro pelo uso de transporte coletivo. Também indica que somente soluções técnicas e aquisição de ônibus não resolvem os problemas do trânsito e deslocamento urbano. "Sem diminuir o número de carros, aquisição de ônibus não adianta. Até porque as melhorias não se dão em uma relação direta, de causa e consequência", diz o economista especializado em Trânsito Délio Moreira.
A engenheira de Tráfego da UFG, Márcia Helena Macedo, explica que faz necessária política pública de transporte coletivo. A professora argumenta que somente serviço de altíssima qualidade, preço atrativo e critérios para uso de veículos – como cobrança de estacionamento e rodízio – podem mudar o comportamento das pessoas.
O presidente da Agência Municipal de Transporte, Trânsito e Mobilidade (AMT), Miguel Tiago, entende que o primeiro passo para reduzir a proporção entre veículos particulares e ônibus é a melhoria no serviço de transporte coletivo. "Qualidade no transporte urbano significa soma de rapidez com preço atrativo. Este requisito é indispensável", diz Miguel Tiago, que também defende ações educativas. O presidente da AMT atenta à criação de cultura do transporte coletivo e solidário, para que o indivíduo mude de opção.