Com o meio ambiente no foco

Com o meio ambiente no foco (Tribuna do Planalto, 16/05/09)

O XI Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (Fica), que vai ocorrer entre os dias 16 e 21 de junho na cidade histórica de Goiás, foi lançado oficialmente na terça-feira, 12, em solenidade no Palácio das Esmeraldas. Uma Mostra Infantil com 11 filmes de temática ambiental produzidos com linguagem e recursos apropriados às crianças e a realização de um fórum ambiental que privilegiará discussões e propostas relacionadas ao meio ambiente são as duas novidades da edição deste ano.

O fórum, intitulado “Globalização e as Crises sem Fronteiras - em Busca de Novos Paradigmas Sociais, Econômicos e Ambientais”, vai abordar temáticas, como recursos hídricos, educação ambiental, biodiversidade, mudanças climáticas e desenvolvimento sustentável. É a primeira vez, após 11 anos de realização de um festival de cinema com abordagem exclusivamente ambiental, que haverá um fórum específico para se debater essas questões. Em anos anteriores, o cinema denunciava os problemas ambientais, no entanto, não havia espaço para um palco de debates especificamente voltado ao meio ambiente.

Para o consultor de cinema do Fica e professor da Universidade Federal de Goiás, Lisandro Nogueira, é importante que o cinema aborde o tema ambiental, já que os filmes podem ser meios eficazes para elucidar e conscientizar os cidadãos sobre os principais problemas nessa área. "Logo após o Fica, notamos quantas ações em prol do meio ambiente são tomadas graças às denúncias feitas pelos filmes, diz. “Nesta edição, o que vejo é um avanço em relação à escolha das obras. O júri aprimorou seu trabalho e conseguiu unir à abordagem do tema uma essencial qualidade cinematográfica."

Para o governador Alcides Rodrigues, a importância do festival é o fato de ele envolver a população com as questões ambientais. "Nós temos de envolver a sociedade como um todo para discutir a degradação do meio ambiente, já que se o poder público trabalhar sozinho nesta questão não haverá resultado satisfatório", diz. Alcides Rodrigues frisou a necessidade de o Fica estar sempre consolidado na agenda cultural do estado, já que o festival almeja resultados sólidos na área ambiental, atrai turistas de várias regiões e significa economicamente para estado. O prefeito da cidade de Goiás, Márcio Caiado, explica que a maior vantagem econômica do Fica é a geração de empregos no município. "Temos ocupação de 100% de nossos hotéis, o que totaliza 1100 leitos. A prefeitura faz cadastros para alugar casas. Tudo isso gera renda para a antiga Vila Boa", afirma o prefeito.

Debates
Com relação ao maior destaque desta edição do Fica para a área ambiental, Laerte Guimarães, coordenador do fórum e professor do Instituto de Estudos Sócio-Ambientais da UFG, afirma que o festival sempre se propôs a debater o assunto, associando-o aos filmes e, por isso, se constituindo como um expressivo evento de cinema temático. No entanto, o coordenador comenta que, neste ano, a ênfase ao meio ambiente será maior devido aos cursos e mesas-redondas que farão parte do fórum.

Alguns especialistas que conduzirão os debates serão Eric Davidson, pesquisador da Nasa que já realizou trabalhos relacionados à atmosfera da Amazônia; Miriam Leitão, colunista do jornal O Globo, que relacionará crescimento econômico e preservação ambiental; e Andrea Cattaneo, pesquisador que elaborou um projeto que prevê compensações financeiras aos países que conseguirem reduzir suas emissões de carbono.
Para Laerte Guimarães, é fundamental que as discussões se estendam após o festival. "Houve a preocupação de trazer grandes nomes para criar um ambiente de debate”, explica. “Queremos que as discussões tenham desdobramentos e que atraiam um público capaz de disseminar os conteúdos apreendidos." Também há a promessa de que todos os materiais relacionados ao festival serão reciclados ou recicláveis.

Produções de 13 países
No que se refere à programação de filmes, 29 obras participam da mostra competitiva. Dessas, 12 são nacionais (sendo 4 goianas) e 17 internacionais. Ao todo, treze países participarão do festival. O Brasil ocupa a primeira posição no número de produções, com 12 filmes selecionados, seguido dos Estados Unidos, com 3 obras aprovadas pelo júri. Em terceiro lugar no número de obras estão França, Dinamarca e Itália, com duas produções cada. Outros países - como Alemanha, China, Irã ou Espanha - participarão do festival com uma obra cinematográfica cada. O documentário é ainda o gênero de maior destaque, com 25 produções. Há ainda duas ficções se duas animações.

Outras mostras artísticas  integram a programação. Uma delas é a 7ª Mostra Competitiva ABD Cine Goiás, que será realizada entre os dias 17 e 19 de junho. De acordo com Beto Leão, presidente da Associação Brasileira de Documentaristas (ABD), a mostra que também é competitiva terá, durante os três dias de realização, cerca de seis horas para apresentar ao público 14 obras cinematográficas, entre ficções, documentários e vídeos experimentais.

Os recursos para a realização do Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental, oriundos do Fundo Produzir, são de R$ 3 milhões. Segundo Linda Monteiro, coordenadora-geral do evento e presidente da Agepel, as verbas desta edição são iguais às do ano passado. No entanto, de acordo com ela, houve uma readequação na aplicação deste dinheiro. "As partes importantes do Fica são os filmes, os debates e os cursos”, diz.  “Por isso, procuramos shows de qualidade, mas com um orçamento menor." Os artistas que se apresentarão no festival são Martinho da Vila, no sábado, 20, e Vanessa da Mata, para encerrar o evento, no domingo, 21.