UFG não adere integralmente ao novo Enem

UFG não adere integralmente ao novo Enem (Diário da Manhã, 21/05/09)

A Universidade Federal de Goiás (UFG) não irá substituir o vestibular pelo Exame Nacional de Ensino Médio como forma de admissão de estudantes. O Enem será usado somente para compor a nota final do candidato no processo seletivo, assim como no último certame realizado pela instituição. Poderão haver somente duas mudanças para o vestibular do final deste ano.

A primeira refere-se à obrigatoriedade da utilização do Enem na composição da nota. A outra deve ser a ampliação do percentual que o exame representará no desempenho do vestibulando, que poderá subir de 20% para 30%. As mudanças foram discutidas ontem pela manhã com profissionais da área da Educação no Campus II da UFG e serão definidas nos conselhos superiores da universidade até agosto, mês em que o edital do próximo vestibular será elaborado.

O uso do Enem no último vestibular da UFG foi facultativo. Mas caso torne-se obrigatório no vestibular da Federal, ele somente será incorporado à nota final se melhorar o desempenho do candidato. O cálculo será eletrônico. Para isso, o vestibulando terá de informar número de identificação para realizar a prova do Enem no ato da inscrição ao processo seletivo da UFG. Por meio desse código, a instituição terá acesso ao desempenho no exame nacional e fará cálculo informatizado que privilegiará a melhor nota.

A pró-reitora de Graduação, Sandramara Matias Chaves, entende que a obrigatoriedade traria ganhos ao estudante. “Outras universidades também utilizarão Enem no vestibular, algumas integralmente a partir do final do ano”, diz. A ampliação do percentual que o exame representará na prova também significa valorizar ainda mais conteúdos multidisciplinares e de raciocínio lógico, cobrados no Enem.

As propostas de obrigatoriedade e ampliação de percentual devem ser levadas à Câmara de Graduação e Conselho de Ensino, Pesquisa, Extensão e Cultura (Cepec) da universidade em junho. “O Conselho tem autonomia, mas a opinião da Reitoria é que a mudança deverá ser gradativa. Nós temos responsabilidades com a sociedade e uma mudança brusca vai afetar toda a vida dos estudantes”, disse o reitor Edward Madureira.

O sistema proposto pelo Ministério da Educação permite esta mudança gradual. São quatro maneiras de interação entre as universidades e o programa. A primeira permite a adesão integral, enquanto a segunda é a opção pela troca da primeira fase pelo exame. A terceira é a utilizada atualmente pela UFG, que permite aproveitar a nota do Enem no vestibular. A última é a ocupação de vagas remanescentes com os melhores colocados na avaliação.



Primeira Fase

A primeira mudança radical no vestibular da UFG poderá ocorrer no processo seletivo de 2011. O reitor da UFG, Edward Madureira, disse que somente naquele ano será possível substituir a prova da primeira fase pelo Enem. Durante o tempo de transição, o universidade fará debates acerca das modificações.

Mesmo com a transição gradativa da UFG, Madureira aconselha os vestibulandos a participarem do Enem. Segundo ele, a nota obtida pode ser utilizada no vestibular tanto em Goiás quanto em universidades de outros Estados. “São 40 instituições federais que aderiram ao sistema de alguma forma. É vantajoso para o aluno participar e conseguir boas notas.”

Somente depois de um ou dois anos a transição estaria completa. “Há um certo cuidado porque é preciso saber como o Ministério da Educação vai lidar com um processo seletivo desta magnitude. Existem quadrilhas especializadas em burlar os vestibulares. Precisamos saber como essa situação será lidada para garantir a segurança da avaliação. Nós temos experiência nesta área e todo cuidado é bom”, destaca.



Reitora acredita que mudanças agreguem conteúdo

As principais mudanças na aplicação do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) para transformá-lo em processo seletivo para as universidades foram apresentadas ontem, durante evento realizado pela Universidade Federal de Goiás (UFG), no campus II da instituição. Segundo a pró-reitora de Graduação, Sandramara Matias Chaves, a nova avaliação vai perder as características de provão do ensino médio e agregar conteúdos.

Sandramara explica que, nas edições anteriores, o Enem focava em avaliar o aprendizado do aluno em relação às matérias distribuídas durante o ensino médio. Com as novas atribuições, deverá ter a finalidade de selecionar os melhores alunos. “A adição de avaliação de línguas estrangeiras é uma destas mudanças. Até o ano passado, não fazia parte do processo”, diz. A pró-reitora completa afirmando que a tendência é grande, já que 40 das 55 universidades federais já aderiram ao programa.

A secretária estadual de Educação, Milca Severino, que também participou do evento, afirma que as novas atribuições do Enem vão fortalecer o ensino nas escolas. “Não vai passar o aluno decoreba. As escolas terão que adaptar o ensino para uma forma mais humana, valorizando os alunos”, afirma. Ainda segundo a secretária, as escolas particulares não vão mais “escolher os melhores alunos” para participar do exame. Além disso, os alunos das escolas estaduais vão levar o Enem mais a sério.



Institutos Federais

O presidente do Conselho Nacional dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (Conif), Paulo César Pereira, afirmou que enviou documentação para o Ministério da Educação pedindo a adesão integral dos institutos federais ao sistema de seleção pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A integração deverá ser concluída no vestibular 2010/2011. O anúncio foi feito na reunião realizada pela Universidade Federal de Goiás (UFG) para discutir o tema, no Campus II da instituição.

Segundo Paulo César, a decisão do Conif foi tomada após  mesa-redonda com o Ministério da Educação. A opção pela integração foi deixada para o próximo ano para não prejudicar os alunos que ainda têm dúvidas sobre o processo. “É uma questão de cuidado com estes alunos que ainda não estão completamente cientes sobre as mudanças.”


Alterações dividem escolas

Representantes do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino (Sinepe) são favoráveis à mudança no processo seletivo, mas questionaram a inserção regional da universidade. A presidente da entidade, Lilian Maria Cintra, disse que preocupa o fato de candidatos de outros Estados poderem ocupar vagas em Goiás. “Existem diferenças de aprendizagem que variam entre as regiões do País, que podem ser observadas nas próprias médias do Enem.”

A pró-reitora de Graduação da UFG, Sandramara Matias Chaves, confirmou que a espectativa é que o número destes casos deva aumentar. Atualmente, 0,4% dos universitários da UFG são provenientes de outros Estados.

O Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino de Goiânia (Sepe) manifestou-se contra a data estipulada para prova, em outubro. Arnaldo Cardoso Freire, presidente da entidade, disse que o impacto da mudança será um novo perfil de aluno, com mais raciocínio e interpretação. Mas argumenta que a prova no mês proposto não permite que conteúdos sejam finalizados pelos colégios. “Teremos de antecipar o cronograma. Algumas escolas devem, inclusive, reduzir as férias de julho a uma semana para aplicar conteúdos específicos do Enem.” O Ministério da Educação estuda possibilidade de realizar diversos Enem durante o ano.

Para secretária estadual de Educação, Milca Severino, o novo sistema de processo seletivo integrado com o Exame Nacional de Ensino Médio vai impulsionar mudanças nas escolas públicas estaduais. Milca disse que a proposta do vestibular valoriza o estudante como protagonista da educação. Neste sentido, o governo estadual vai investir na qualificação dos professores.