Cresce a procura pelas profissões do futuro
Cresce a procura pelas “profissões do futuro” (Hoje Notícia, 04/06/09)
Levantamento realizado pelo Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior do Estado de São Paulo (Semesp) mostra que a procura por cursos ligados às chamadas “profissões do futuro” tem crescido de forma significativa em todo o País. O estudo, que foi feito com base no Censo da Educação Superior de 2007, revela que cresceu a procura por cursos nas áreas de genética, meio ambiente, sustentabilidade, midiática, alta tecnologia ou empreendedorismo, principalmente entre os cursos superiores de tecnologia.
A pesquisa aponta que nos últimos dois anos, cresceu significativamente a variação de alunos que ingressaram em cursos que fogem do tradicional. O percentual de aumento no curso de gestão empreendedora ou processos gerenciais, por exemplo, foi de 528%, extração de petróleo e gás de 174%, gestão em logística de 87,9%, gastronomia de 59,6%, tecnologia de radiologia 31% e administração de redes de 21,6%.
Mesmo com o aumento no ingresso nos cursos das profissões do futuro, os cursos tradicionais como Administração e Direito ainda lideram o ranking, apesar de terem apresentado queda de 9% no comparativo 2006/2007. Conforme o estudo, esses cursos no Brasil possuem mais de 217 mil alunos matriculados. O curso de Direito representa um montante de mais de 157 mil alunos, mas cresceu apenas 1,7% naquele mesmo período.
O presidente Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior de Goiás (Semesg/Amesg), Jorge de Jesus Bernardo, ressalta que o objetivo dos cursos tecnológicos não é competir com os cursos de graduação tradicionais. Ele observa que a escolha por esses cursos e profissões é uma tendência mundial, que surgiu para atender a uma demanda de mercado, que necessita cada vez mais de mão de obra especializada. “Os cursos tecnológicos vieram para complementar áreas que o ensino tradicional não tem. Mas, na verdade, precisamos dos dois profissionais”, diz.
Foi para atender essa demanda de mercado e garantir uma profissão com retorno que o proprietário de uma loja de autopeças Flávio Lemes Viana, 29, decidiu fugir de uma carreira tradicional e ingressar em um curso tecnológico. Aluno do terceiro período do curso de Gastronomia da Faculdade Cambury, em Goiânia, ele observa que fez a opção pelo curso devido ao leque de oportunidades que a profissão oferece. Além disso, Flávio ressalta que, em um curso tecnológico, o aluno consegue a formação em menos tempo. “Em cursos mais rápidos e focados no mercado de trabalho, a pessoa consegue o preparo necessário para enfrentar o mercado de trabalho”, diz.
O resultado dessa tendência de ensino é que as instituições de ensino superior brasileiras têm ampliado a oferta de novos cursos, inserindo conteúdos diferenciados em graduações tradicionais ou abrindo cursos tecnológicos. Mindé Badauy de Menezes, assessora da pró-reitoria de graduação da Universidade Católica de Goiás (UCG), observa que os cursos tecnológicos preparam o aluno para tarefas executivas com mais propriedade que os cursos plenos, pois colocam a experiência cotidiana de trabalho dentro da formação.
Mindé observa que nas regiões brasileiras onde cresce o setor industrial e setor de agroindustrial, por exemplo, a tendência é que surjam cada vez mais cursos que se ajustem a essas demandas. Atualmente, a UCG oferece cursos que se encaixam nas profissões que passaram a ser procuradas como Mecatrônica e Análise de Desenvolvimento de Sistemas.
Uma das faculdades de Goiás que investiram na educação tecnológica e vem colhendo os frutos é a Cambury, que oferece cursos de graduação em dois ou dois anos e meio nas áreas de Gastronomia, Design de Interiores, Fotografia e Imagem, Estética e Cosmética, entre outros. A coordenadora de ensino da instituição, Liliane Moraes Batista de Sá, diz que os cursos tecnológicos surgiram para preencher nichos de mercado.
No ano passado, a Universidade Federal de Goiás (UFG) incluiu em seu vestibular 25 novos cursos de graduação, dos quais alguns refletem a demanda apresentada no Censo 2007. Entre eles, o de Engenharia de Software, Ciências Geoambientais, Matemática Industrial, Engenharia Florestal e Sistemas de Informação. O coordenador do curso de Engenharia de Software, Fábio Nogueira de Lucena, ressalta que este curso da UFG é o primeiro a ser disponibilizado no Brasil e foi aberto justamente para preencher vagas que, até então, não eram preenchidas por especialistas formados nessa área específica.