[UFGfonte] Fraude ameaça uso do Enem na UFG (O Popular, 2/10/2009)
Fraude ameaça uso do Enem na UFG
Decisão ainda depende de aprovação do conselho de ensino e pesquisa da universidade
O Popular – 2/10/2009
Adriano Marquez Leite
Por causa dos indícios de fraude que provocaram o adiamento do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), a Universidade Federal de Goiás (UFG) informou que não deve mais utilizar o resultado do exame no vestibular da instituição, conforme estava previsto. A decisão ainda depende de aprovação do Conselho de Ensino, Pesquisa, Extensão e Cultura e da Câmara de Graduação, responsáveis pela elaboração das regras do vestibular da UFG, que se reúnem no início da próxima semana para discutir o assunto.
A notícia do vazamento das questões do Enem foi divulgada ontem pelo jornal O Estado de S. Paulo, depois que uma pessoa que teve acesso a uma possível cópia da prova tentou vendê-la para o jornal por R$ 500 mil. A reportagem chegou a encontrar os homens que detinham o material para comprovar a veracidade e recusou a oferta. O ministro da Educação, Fernando Haddad, foi comunicado sobre o episódio e, ao ser informado sobre o conteúdo de algumas questões, confirmou que, de fato, conferiam com as perguntas que tinham sido programadas para a prova, que seria aplicada neste fim de semana.
Depois de receber a denúncia sobre a suspeita de fraude, o Ministério da Educação (MEC) decidiu adiar a realização do Enem até que uma nova prova fosse impressa em melhores condições de segurança. Ainda não foi definida a data em que o exame será aplicado, mas a expectativa é de que em até 45 dias – ou meados de novembro – os mais de 4,1 milhões de estudantes em todo o País possam fazer as provas.
A Polícia Federal (PF) também foi chamada para acompanhar o caso e já abriu inquérito para tentar descobrir quem são os responsáveis pelo vazamento da prova, que afetou milhões de alunos. O consórcio Consultec, vencedor da licitação para todas as etapas do Enem, já foi chamado para prestar os primeiros esclarecimentos. Contudo, ainda não há suspeitos de terem cometido a fraude.
UFG
A decisão da Universidade Federal de Goiás em não utilizar o resultado do Enem em 40% da nota da primeira fase do vestibular está sendo pensada para não atrasar o calendário acadêmico da instituição. Como oresultado do exame foi adiado de dezembro para o fim de janeiro, a UFG teria de esperar a divulgação das notas para, então, chamar os candidatos aprovados para a segunda fase do concurso. Além do calendário do vestibular, o início das aulas também poderia sofrer atrasos, afetando toda a comunidade acadêmica.
Até agora, dos mais de 15 mil inscritos no vestibular da UFG deste ano, 13,6 mil, ou 90,7%, tinham optado por utilizar a nota do Enem na primeira fase do processo seletivo da universidade. Desses, quase 95% ou 12,9 mil estudantes iriam usar as notas do Enem deste ano. Ou seja, esperavam ser ajudados no vestibular com a nota que obteriam no exame nacional. O restante dos alunos iria usar notas do Enem referentes a 2006, 2007 e do ano passado, mas que também deverão ser descartadas como alternativa de aprovação no vestibular.
Conforme a pró-reitora de Graduação da universidade, Sandramara Matias Chaves, a não-utilização do Enem na seleção da UFG não prejudicará os candidatos às quase 5,5 mil vagas em 120 cursos que estão sendo ofertadas pela instituição. Sandramara diz ainda que o maior objetivo da ação, que deve ser aprovada, é garantir a isonomia e igualdade de participação a todos os estudantes que participarão do processo e que devem passar dos 33 mil. “A UFG está tratando o assunto com maior responsabilidade social para que ninguém seja prejudicado.”