FIES da pós-graduação
FIES da pós-graduação
Governo federal anuncia implantação de programa que concede bolsas de estudos para professores que lecionam nas escolas da rede pública
A formação do professor da Educação Básica é um quesito problemático que muitas ações do poder público tentam resolver. A mais recente delas partiu do Ministério da Educação (MEC).
No final do mês passado, o ministro Fernando Haddad revelou sua intenção de oferecer aos educadores da rede pública cursos de pós-graduação (mestrado e doutorado) gratuitos, mesmo em instituições privadas.
Para efetivar o programa, o ministro pretende adotar o mesmo modelo utilizado no Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (FIES), que custeia a graduação de muitos estudantes. Por meio dele, os professores teriam a dívida quitada automaticamente.
No Ministério da Educação, os detalhes sobre o assunto ainda são poucos. Em contato telefônico com a assessoria de comunicação do MEC, a reportagem do Escola foi informada de que, por enquanto, o órgão não se pronunciará a respeito.
Também não há, ainda, nenhuma portaria assinada instituindo o Fies da pós-graduação, nem mais informações além daquelas anunciadas por Haddad, de forma informal e descontextualizada, durante o 7º Congresso Inclusão: Desafio Contemporâneo para a Educação Infantil.
A proposta não é nada nova. Incentivos para que os professores do ensino básico retornem às universidades para cursar mestrados ou doutorados já existem por iniciativa da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
Doutor em Educação e professor da Universidade Federal de Goiás (UFG), José Adelson da Cruz, explica que hoje os educadores da rede pública podem tirar licença do trabalho com bolsa remunerada na faculdade para cursar pós-graduação.
Antes só tinha direito às bolsas quem não trabalhasse, regra que ainda vale para os cursos que não são da área educacional. Os que são, quando conquistam a licença para o estudo, assinam um termo de compromisso que prevê a obrigatoriedade de, após o término do curso, lecionarem na rede pública por tempo igual ao da licença concedida.
Para quem faz mestrado, o prazo é de 30 meses. Para o doutorado é de 48 meses. Mas nem isso consegue manter a permanência dos professores mais qualificados no ensino básico público. Segundo Cruz, as estatísticas comprovam que os professores que estão na Educação básica migram para o Ensino Superior quando concluem o mestrado e doutorado.
Mestrado em Matemática
Pelo menos na área da Matemática já existe uma pós-graduação oferecida gratuitamente aos professores do ensino público básico. A iniciativa é da Sociedade Brasileira de Matemática (SBM), que oferece mais de 1500 vagas anuais para o Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional (PROFMAT).
Segundo o vice-presidente da SBM, Marcelo Viana, este é o primeiro programa de mestrado de grande escala dirigido para a formação avançada de professores. A proposta pedagógica é unificada e nacional, mas há 70 polos de atendimento presencial.
Os professores das redes públicas de Educação básica têm prioridade na admissão ao programa. “Essa prioridade parte da constatação de que um ensino de qualidade é o mais importante desafio estratégico que se coloca ao nosso país no caminho para o desenvolvimento pleno”, considera.
Viana ainda acrescenta que a formação do professor, particularmente da área de Matemática, é um aspecto absolutamente crítico desse problema. Ele ainda conta que programas semelhantes de outras áreas estão sendo criados inspirados no PROFMAT, situação que tem potencial para mudar o panorama do ensino no Brasil em áreas fundamentais em um prazo relativamente curto.
Quem se interessar, o programa está com inscrições abertas até o dia 26 de outubro. O edital pode ser acessado no site www.profmat.sbm.org.br.