Saúde na escola

Dirigentes de instituições municipais de Educação de Goiânia recebem orientações sobre como combater doenças decorrentes do calor e do tempo seco no ambiente escolar
Há duas semanas, o servidor público Wellington Divino foi surpreendido por dores abdominais intensas e episódios constantes de vômito e diarreia.“Durante uma semana, minha rotina ficou totalmente prejudicada”, lembra. Antes de Wellington recuperar-se, as filhas Larissa e Fernanda passaram a apresentar os mesmos sintomas. Encaminhadas ao hospital, receberam hidratação para repor líquidos e eletrólitos perdidos, retornando às atividades diárias somente dez dias depois.
Como na família de Wellington, cerca de mil casos de diarreia aguda vêm sendo notificados, semanalmente, pelas unidades municipais de saúde da Capital. As estatísticas chegaram a esse patamar, no mês de setembro, em função das condições climáticas, com tempo seco e altas temperaturas. As faixas da população mais afetadas são as dos bebês e crianças, idades em que ocorrem quedas significativas de hidratação corporal, com risco de morte para os pacientes.
As informações foram divulgadas pela chefe da Divisão de Epidemiologia da Secretaria de Saúde, doutora Flúvia Amorim, em palestra dirigida a diretores e coordenadores das escolas e Centros Municipais de Educação Infantil (CMEI), realizada na última quinta-feira, 23, no auditório da Faculdade de Educação da UFG. As análises dos casos notificados, até o momento, confirmam amostras positivas para rotavírus, vírus do gênero Reoviridae, indutor de gastroenterites que resulta em diarreias e vômitos." Isso é preocupante, precisamos nos prevenir”, conclui.

Rede de informações
Durante a palestra, os participantes foram orientados sobre as medidas a serem adotadas, caso o aluno apresente desconfortos como diarreia, vômitos e dores abdominais, sobre a importância da higiene com objetos utilizados no ambiente escolar, higiene corporal e, sobretudo, com lavagem das mãos, consideradas as principais transmissoras do vírus que causam tais sintomas.
De acordo com Flúvia Amorim, uma das situações mais preocupantes ocorre quando não se faz uma higiene correta, após o uso do banheiro. “É imprescindível lavar as mãos, pois nessas situações, o vírus depositado nos vasos sanitários, torneiras e maçanetas pode propagar-se para portas, corrimãos, bebedouros, copos e outros materiais de uso diários”,alerta.
Para a secretária municipal de Educação, Márcia Carvalho, a intenção foi iniciar a articulação de uma rede de informações, que deverá estender aos demais educadores, educandos, familiares, vizinhos e comunidade em geral. “Não podemos mudar as condições do tempo, mas podemos nos preparar para enfrentar melhor as doenças decorrentes do calor e do tempo seco”, afirmou.
Baixa umidade
Com base em orientações das autoridades de saúde, pais, responsáveis e educadores devem se manter atentos quanto aos efeitos do calor e do tempo seco sobre a saúde de bebês e crianças. Com isso, pode se minimizar os males decorrentes das altas temperaturas, provocados pela falta de chuvas.
Ingerir, no mínimo, nove copos de água por dia, aumentar o número de banhos, utilizar vasilhames com água ou umidificadores no interior de residências e outros locais onde houver crianças. "Todas essas medidas contribuem para enfrentar e até evitar problemas, como dificuldade de respirar, sangramentos de nariz, ressecamento de pele e garganta, irritação nos olhos, choques térmicos, mal estar, ânsia de vômito, dor de cabeça", afirma a pediatra Fátima Damasceno.
Ainda, segundo os médicos, a atenção se redobra à medida que a umidade relativa do ar diminui entre 20% e 30%. Nesse caso, exercícios físicos ao ar livre devem ser evitados, no período entre  11 e 15 horas. Com a umidade entre 12% e 20%, o estado passa a ser de alerta. Exercícios físicos e trabalhos ao ar livre devem ser suprimidos entre 10 e 16 horas, bem como aglomerações em ambientes fechados. Abaixo de 12%, o estado passa a ser de emergência.
Na rede municipal de Educação, 165 escolas e 113 Centros Municipais de Educação (CMEIs) adotam banhos com mangueira, umidificadores, alimentação adequada à estação e outras medidas para tornar os ambientes mais frescos e saudáveis." Todas as medidas, visando o bem estar de nossos alunos, devem ser reforçadas, especialmente com a piora das condições climáticas", reforça a secretária municipal de Educação, Márcia Carvalho.