Lombadas voltam ainda em março

Lombadas voltam ainda em março

Monitoramento de velocidade passa a funcionar inicialmente na região metropolitana, pela BR-153

A fiscalização eletrônica nas rodovias federais que cortam o território goiano será retomada até o final de março. Tidos como principal aposta para redução nos números catastróficos de mortes nas estradas, os primeiros equipamentos serão instalados no perímetro urbano da BR-153 na região metropolitana de Goiânia. O trecho monitorado possui 26 quilômetros e também passa por Aparecida de Goiânia. Nele, concentra-se um terço das ocorrências de acidentes atendidas pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) em todo Estado. As lombadas eletrônicas e radares estáticos estão há três anos desligados devido a problemas envolvendo o processo licitatório referente ao serviço.

As pistas da BR-153 que passam pela capital terão somente radares estáticos, num total de dez, com velocidade máxima estipulada em 80 quilômetros por hora. Os motoristas que ultrapassarem esse limite serão penalizados com multas. O perímetro de Aparecida de Goiânia, por sua vez, será monitorado por quatro lombadas eletrônicas. Os equipamentos visam reduzir a velocidade de carros, motos, caminhões e ônibus, sobretudo em pontos com fluxo elevado de pedestres.

A prioridade dos pontos de instalação dos radares e lombadas foi definida pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) com base em dados técnicos levantados junto à PRF. As duas instituições elaboraram um mapeamento das rodovias federais que passam por Goiás e escolheram a BR-153, na região metropolitana, para iniciar um projeto piloto. Órgãos de trânsito das duas prefeituras por onde corta a rodovia também foram ouvidos no estudo.

Mortes
O perímetro urbano da BR-153 na região metropolitana de Goiânia é o local onde ocorrem a maioria de mortes e acidentes nas rodovias federais em Goiás. Conforme mostrou o POPULAR em agosto de 2010, no intervalo de um ano que antecedeu a reportagem aconteceram 43 mortes no trecho, de um total de 87 registradas em todas as BRs que cortam o Estado. De acordo com levantamento realizado pelo Conselho Estadual de Trânsito (Cetran-GO), entre agosto de 2009 e julho de 2010, aconteceram 2.286 acidentes, que também deixaram 1.422 feridos nas BRs goianas. Metade deles no trecho urbano da BR-153.

No total, foram licitados 116 lombadas eletrônicas e 89 radares fixos. De acordo com o Dnit, a monitoração por meios eletrônicos reduzirá em cerca de 70% os acidentes nas áreas urbanas e rurais. Somente nos cinco dias do feriado de carnaval foram registradas 31 mortes em acidentes nas rodovias estaduais e federais, número que representa aumento de 32% em relação ao mesmo período em 2010. A estatística atual coloca o período de festas deste ano como o mais violento da história de Goiás. Cerca de 500 pessoas ficaram feridas nos acidentes acontecidos no carnaval.

Todos os lotes licitados pelo Dnit já foram homologados. O lote de número quatro, que contempla Goiás com 38 lombadas eletrônicas e 25 radares fixos, estava com um pendência judicial, pois uma empresa derrotada no processo licitatório havia entrado com recurso contra o resultado. Segundo a assessoria de comunicação do Dnit, a contratação da empresa para executar o serviço nesse lote ainda depende da liberação de recursos do governo Federal, que divulgou corte de verbas no mês passado.

Estaduais
Nas rodovias estaduais do Estado, controladas pela Agência Goiana de Transportes e Obras (Agetop), a fiscalização eletrônica de velocidade está presente em cinco rodovias. Ao todo são 16 pontos monitorados com cinco equipamentos, utilizados em sistema de rodízio. Os trechos ligam Goiânia às principais cidades turísticas do Estado e que apresentam maior fluxo de carros, motos ônibus e caminhões.

No balanço geral, os radares da Agetop fotografaram 8.354 automóveis nos cinco dias de carnaval. Todos trafegavam acima do limite de velocidade das vias. A assessoria de comunicação de órgão explicou que nem todas as imagens serão convertidas em multas pois algumas placas estão ilegíveis. Outros carros flagrados pelos equipamentos possuem permissão para rodar em alta velocidade e também tiveram ambulâncias.

Pedestres seguem sem alternativas

Alfredo Mergulhão

Para a engenheira de tráfego da Universidade Federal de Goiás (UFG), Márcia Helena de Macedo, a presença de radares estáticos com limite de velocidade estipulado em 80 quilômetros por hora no perímetro urbano da BR-153 em Goiânia pode não ser suficiente para reduzir a violência na rodovia. A especialista alerta para necessidade de se oferecer alternativas aos pedestres pois a via corta a cidade, apesar de ter característica de trânsito rápido.

A BR-153 no trecho que passa pela capital tem como característica um conflito diário entre pedestres, automóveis que circulam dentro da cidade e motoristas que estão de passagem na autoestrada. Márcia Helena de Macedo sugere passarelas próximas umas das outras, criação de faixas de pedestres e iluminação pública pela via.

"Não regularam o perímetro e construíram universidades e empresas nas margens, que atraem pessoas e automóveis. Agora, o melhor caminho não é privilegiar os carros que estão de passagem", disse Márcia Macedo.