Poemas musicados de Zeca Baleiro

Poemas musicados de Zeca Baleiro

Vida é um souvenir made in Hong Kong reúne pérolas do artista, com ilustrações de Roger Mello


O cantor e compositor Zeca Baleiro, que como bom maranhense também se chama Ribamar, ou melhor, José de Ribamar Coelho Santos, há muito tem seu nome assegurado entre os bambas da MPB. Cantador de primeira, poeta versátil, ele acaba de ganhar belo presente com a publicação, pela Editora Universidade Federal de Goiás (UFG), do livro Vida é um souvenir made in Hong Kong, que traz alguns de seus melhores poemas musicados. As ilustrações são do artista plástico Roger Mello e a apresentação do jornalista mineiro Kiko Ferreira.

Há muitos anos fora do Maranhão, em parte devido ao desencanto ´com a política feudal que vigora lá, mas sempre ouvindo, no fundo da alma, o som do bumba-meu-boi ou um tambor de crioula`, Zeca Baleiro conta que começou a escrever e compor ainda adolescente. Aos 14 anos já tocava violão. ´Minha infância foi povoada de música, que eu ouvia em rádios, discos e rodas de violão que meus irmãos mais velhos faziam. Meu pai, por outro lado, era leitor compulsivo e nos empurrou muitos livros goela abaixo`, lembra Baleiro.

Agora, com a publicação de Vida é um souvenir made in Hong Kong, quem já estava acostumado a admirá-lo ouvindo suas músicas poderá se inteirar ainda mais da sua arte. Logo no primeiro poema, o conhecido Minha casa, ele fala a que veio: ´É mais fácil cultuar os mortos que os vivos, mais fácil viver de sombras que de sóis, é mais fácil mimeografar o passado, que imprimir o futuro#`. Já em outra letra, Piercing, faz brincadeira com o clássico A flor e o espinho, de Nelson Cavaquinho: ´Tire o seu piercing do caminho, que eu quero passar com a minha dor#`.

Sempre na estrada, Zeca Baleiro confessa que suas canções nascem da forma como enxerga o mundo, já que, para ele, todo artista é, na real, um cronista, embora cada um tenha seu próprio modo de observar e pensar as coisas. Há diferença entre escrever letra para música e poema? Ele afirma, de pés juntos, que são coisas diferentes.

O poema literário, no seu entender, é obra fechada, enquanto a letra precisa do suporte da música. Mas faz ressalva, ao dizer que alguns letristas e compositores chegam, às vezes, a lugares muito altos. A música brasileira, acredita, está cheia de bons poetas, que vão de Noel Rosa a Cazuza, de Guilherme de Brito a Fernando Brant, só para ficar em poucos exemplos. No seu caso, quando compõe alguma coisa, o que mais deseja é que seu texto não passe batido, mobilize as pessoas . ´Que alguém ouça/ leia e ria ou chore ou pense sobre a vida ou simplesmente se encante, se alegre, se divirta.` (Carlos Herculano Lopes)

Serviço

Vida é um souvenir made in Hong Kong, de Zeca Baleiro
Editora: Universidade Federal de Goiás (UFG), 90 páginas
Informações: editora@cegraf.ufg.br