Medo de elevador revela transtorno
O Hoje, 13/02/2011
Medo de elevador revela transtorno
Cejane Pupulin
Quando a auxiliar de serviços gerais Juliana Silva Falcão, de 25 anos, entra em um elevador já começa a se segurar nas barras laterais do equipamento. “Tenho pavor”, afirma a jovem, que mora em casa. Quando precisa entrar em prédios, só usa elevador em situações de extrema necessidade. “Todos os amigos já conhecem meu medo. E acredito que a fobia não interfere na minha vida.” Ela garante, porém, que nunca ficou presa na máquina.
De acordo com a professora da Universidade Federal de Goiás (UFG) e doutora em avaliação da personalidade pela Universidade de Brasília (UnB), Mara Rúbia Orsini, a fobia de elevador é um transtorno de ansiedade. Explica que é normal ter medo, por exemplo, de ser assaltado. “A ansiedade é natural da sobrevivência. Mas altos graus podem bloquear a pessoa e gerar uma psicopatologia, que são as fobias. A fobia é um medo irracional e não tem base no real. Ou se tem, é maior do que deveria ser.”
Ela explica que quando o grau de ansiedade começa a atrapalhar o cotidiano é necessário tratamento terapêutico. “Se uma pessoa mora no campo, usar ou não o elevador não atrapalha nas demandas da vida. Mas se trabalhar em um prédio de 17 andares e não usar, atrapalha.”
O psicólogo clínico e professor da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC), Flávio da Silva Borges, diz que não existe fator específico para uma pessoa desenvolver a fobia de elevador. Ele conta que ficar preso no equipamento por horas não causa o transtorno. “As condições de personalidade são determinantes. Por isso, duas pessoas podem ficar presas e, uma ou nenhuma delas desenvolver fobias. Para algumas pessoas a situação é de apenas de desconforto, para outras podem ser decisivas.” Ele complementa que o indivíduo não precisa passar pela situação para desenvolver o medo.
O tratamento das fobias em geral depende da situação do paciente, mas pode ser pela linha comportamental da psicologia ou pelo modelo psicodinâmico. Em ambos os tratamentos o prazo é indeterminado. Os dois terapeutas afirmam que em casos extremos é necessário o uso de farmacológicos.
Bombeiros
Este ano, o Corpo de Bombeiros de Goiás atendeu oito ocorrências de pessoas presas dentro de elevador. A assessoria de imprensa da instituição explica que esse número é baixo, já que nem sempre a corporação é acionada para esse tipo de resgate. Os chamados ocorrerem quando há falta de energia elétrica.
Os bombeiros revelam que os prédios de Goiânia são mais novos se comparados de outras cidades brasileiras, como São Paulo. Nesse Estado há lei estadual que obriga os prédios colocaram placa para o usuário verificar se o elevador está no andar.
Segundo uma empresa de elevador reconhecida mundialmente em 200 países, o elevador é um dos meios de transporte mais utilizado e um dos mais seguros no mundo. Mas como qualquer outro equipamento, necessita de manutenção periódica, realizada por empresas devidamente capacitadas e por profissionais qualificados. É importante ficar atento à idoneidade das empresas que prestam o serviço de manutenção.
A empresa orienta que o próximo passo para checar a estrutura desta empresa é consultar o órgão responsável por fiscalizar as empresas prestadoras de serviços de manutenção de elevadores. Uma boa manutenção evita os principais defeitos.
Mesmo com a segurança dos elevadores, o Corpo de Bombeiros recomenda ao usuário verificar se o elevador está realmente no andar antes de tentar entrar e não deixar crianças andarem sozinhas no equipamento. E, se ficar preso, ter calma e pedir ajuda. Os bombeiros afirmam que, com a atual tecnologia, os elevadores não apresentam riscos de despencar.