Virus tipo 1 contribui para redução
O Hoje, 14/02/2011
Vírus tipo 1 contribui para redução
A circulação do vírus tipo 1 da dengue nesse início de ano em Goiás é o motivo da redução dos casos. A pessoa uma vez infectada pelo vírus tipo 1, 2 e 3 – os tipos predominantes no Estado –, está imune à doença. Segundo a Diretoria de Vigilância em Saúde de Goiânia, em janeiro de 2010, a capital registrou 15 mil casos de dengue, enquanto que esse ano foram 2,5 mil no mesmo período – redução de 83%. No Estado, durante as cinco primeiras semanas de 2010 firam notificados 34.557 casos da doença, enquanto que nas cinco primeiras semanas de 2011 (até 5 de fevereiro) foram notificados 5.278 casos.
Mas a diretora de vigilância em Saúde, Cristina Laval, informou ontem, durante entrevista coletiva, que o tipo 4 do vírus já circula no norte do País, sendo sua presença em Goiás inevitável – ele pode provocar nova epidemia no Estado. “Mesmo com a redução o número de casos de dengue ainda nos deixa em alerta, o combate ao mosquito transmissor é necessário para evitar uma nova explosão de casos. A situação atual é tranquila, mas pode deixar de ser.”
E por falar em casos, a infestação do mosquito ainda é alta, principalmente na Capital: de uma média de 100 imóveis visitados pelos agentes de endemias, 4,7 apresentaram focos – ultrapassou o limite de 1% recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Um problema agravante é que em 80% dos casos notificados de dengue o foco da doença estava na própria residência da pessoa que adoeceu. Cristina explica que os criadouros preferenciais tem sido o lixo doméstico. “Latas, frascos, embalagens plásticas, garrafas e entulhos dentro das casas.” Os bairros com o maior número de infestação nas três últimas semanas foram: Jardim Nova Esperança, Jardim América, Pedro Ludovico e Jardim Curitiba III.
Com o início do período chuvoso, a Secretaria Municipal de Saúde irá reforçar as ações que já são realizadas em Goiânia, por medidas concretas na redução do Aedes aegypti. Para reforçar a estratégia, em cada órgão público foi instituída a figura do “Dengueiro” – pessoa responsável pela eliminação dos focos no local pelo menos uma vez por semana.
Além dessa novidade, a fiscalização em imóveis fechados e abandonados tem sido efetiva. No mês de janeiro os agentes visitaram 450 imóveis, na maioria deles foram encontrados focos. Segundo o diretor do Departamento de Vigilância Ambiental, Geraldo Rosa, aproximadamente 60 imóveis já foram multados. Destes, 22 serão visitados novamente hoje – caso haja reincidência, o imóvel poderá ser novamente multado e até interditado.
A Vigilância Sanitária também vai intensificar a fiscalização nas unidades de saúde. O mosquito transmissor em unidades de saúde aumenta os riscos de contágio, uma vez que o hospital ou posto de saúde é a porta de entrada do paciente com suspeita de dengue.
Parcerias
A Prefeitura de Goiânia firmou parceria com o Sindicato de Habitação de Goiás (Secovi) para trabalho especifico com os condomínios horizontais e verticais, instituindo a figura de voluntário nestes condomínios, responsável pela eliminação dos focos dos mosquitos de forma permanente. A Prefeitura também está em negociação com o Serviço Social da Construção Civil de Goiás (Seconci). A intenção é garantir nos canteiros de obras a eliminação nos focos do mosquito.
Outra parceria já estabelecia é com a Universidade Federal de Goiás (UFG) e Pontifícia Universidade Católica (PUC), para que também em cada unidade destas entidades tenha uma pessoa responsável pela eliminação dos focos. Cristina destacou que somente na UFG passam 30 mil estudantes por dia. “São estudantes, geralmente vão pra outras cidades o que eleva o risco de contaminações no Estado.”
Bota-fora dengue
Durante três dias, 16,17 e 18 de fevereiro, a prefeitura irá realizar a ação “Bota-Fora Dengue” em bairros com alto índice de infestação do mosquito,contemplando todos os distritos sanitários: Vila Mutirão, Bairro Floresta, Vila Nova, Setor Pedro Ludovico, Residencial Itaipu, Jardim Novo Mundo, Bairro Capuava e Jardim Guanabara I. Durante ação os moradores serão mobilizados a acondicionarem seu lixo doméstico, principalmente os descartáveis, na porta de casa, e a Comurg fará a coleta, numa grande mobilização dos agentes de endemias, agentes comunitários de saúde, lideranças locais, escolas e comunidade em geral. Durante o trabalho serão visitados em torno de 31.500 imóveis, com o envolvimento de aproximadamente 480 agentes de endemias.
Faltam agentes
Mesmo com a intensificação ainda faltam agentes de endemias na capital. Atualmente são 700, enquanto o ideal, de acordo com recomendação do Ministério da Saúde, seria de 861. Geraldo Rosa reconhece o déficit, mas ressalta que o trabalho de combate a dengue é feito de uma maneira inteligente, no qual a falta de mais de 100 agentes não é uma agravante. “Poderíamos fazer um trabalho com mais agentes, mas isso não significa que o nosso trabalho não é bom.” (Lyniker Passos)