Semana espinhosa para o governo
Denúncia de nepotismo e questões relacionadas à PM, TV UFG, Ipasgo e UEG exigiram jogo de cintura do governo para evitar desgastes
O governo estadual passou a semana gerenciando as crises que apareceram e que tiveram repercussão na imprensa. Tratar de assuntos espinhosos nesses primeiros meses de administração pode trazer desgastes e demanda jogo de cintura para evitar maiores alardes. As denúncias envolvendo casos de nepotismo na estrutura de governo pautaram as respostas da administração estadual.
Foram identificados nomes do primeiro e segundo escalões do governo que mantinham cargos para filhos, irmãos e netos. O governador assinou no início do mês de março um decreto reforçando a intolerância com o nepotismo em Goiás, no entanto, foi constatado que muitos secretários mantém parentes no governo, nomeados desde o início do ano.
Em resposta às denúncias, o governo emitiu uma nota à imprensa em que afirma que "as questões relativas à ocorrência de relações familiares entre agentes políticos e administrativos do Estado serão examinadas urgente e permanentemente por uma comissão criada no âmbito da Controladoria Geral do Estado, com a participação de mais três órgãos (Secretaria da Casa Civil, Secretaria de Gestão e Planejamento e Procuradoria Geral do Estado)".
No entanto, dois responsáveis pelas pastas, Vilmar Rocha e José Carlos Siqueira têm parentes nomeados. Como medida, o governador anunciou ainda que irá exonerar todos os ocupantes de cargos comissionados do governo estadual, cerca de 7 mil pessoas. Na quarta, 23, o governador assinou o decreto com as primeiras demissões dos parentes de auxiliares do governo.
Mais um caso envolvendo a Polícia Militar também trouxe desgaste para a corporação e para o governo estadual. Na terça, 22, a professora e gerente da TV UFG, Rosana Borges, tornou público um caso de censura envolvendo uma equipe de reportagem do veículo e policiais militares. Na semana anterior, a equipe fazia uma filmagem na Praça Cívica quando foi abordada por um policial que cobrou autorização e cobrou explicações sobre o teor do conteúdo.
O episódio repercutiu na internet, principalmente no twitter. Somente na quinta, 24, o governador Marconi Perillo (PSDB) enviou uma carta ao reitor da UFG, Edward Madureira Brasil, informando que lamentava o ocorrido. Segundo a carta, o governador determinou que as providências fossem tomadas no sentido de identificar e punir os policiais envolvidos na "coerção" da equipe da TV UFG.
"Esteja certo, sr. reitor, da rigorosa apuração dos fatos e da punição que sofrerão os responsáveis por esse verdadeiro atentado contra as liberdades democráticas que nos são, a todos, asseguradas pela Constituição do Brasil", finaliza a carta. No entanto, a Polícia Militar não se pronunciou a respeito.
O governo não pretende criar um problema de ordem diplomática com a única universidade federal do Estado e com um veículo de comunicação, por isso a rapidez em restabelecer as relações com o reitor e cobrar agilidade no caso.
A Universidade Estadual de Goiás esteve também no centro de uma contenda envolvendo o governo e representantes de alunos e professores. Ao indicar o nome de Eliana França, que não conseguiu assumir a presidência da Fapeg (Fundo de Amparo à Pesquisa de Goiás), o governador foi alvo de críticas de que teria feito uma intervenção na Universidade.
Pelo estatuto, o reitor e vice-reitor devem ser eleitos pelo voto da comunidade universitária. No entanto, como o cargo de vice havia sido extinto pelo ex-governador Alcides Rodrigues (PP), Marconi o recriou e nomeou Eliana França.
A ex-secretária de Educação é também a coordenadora de uma comissão que tem como objetivo fazer um diagnóstico da UEG e propor mudanças. No entanto, alunos e professores afirmam que ela tem feito um papel de interventora na instituição. Além de Eliana França, as pró-reitorias, que são indicadas pelo reitor, também sofreram modificações, tendo sido nomeadas pessoas da confiança do governador.
Em reunião com diretores da UEG na sexta, 25, o governador explicou suas últimas ações e anunciou um pacote de bondades, como o aumento de salário de técnicos administrativos e de professores. O governador também falou da intenção de realizar concurso. Durante a semana, o secretário da Casa Civil, Vilmar rocha, negou que houvesse qualquer intervenção na UEG, corroborando a defesa de Marconi, de que possui prerrogativa legal de indicar pró-reitores.
Os prestadores de serviço do Ipasgo suspenderam o atendimento aos cerca de 650 mil usuários por tempo indeterminado. O motivo alegado pela classe é o atraso no pagamento dos serviços prestados desde outubro de 2010, o que somaria cerca de R$ 250 milhões. Os prestadores de serviços pessoas físicas, que somam sete mil atendentes, alegam que não receberam as faturas de novembro e dezembro de 2010, que corresponderia a R$ 36 milhões.
As pessoas jurídicas não receberam as faturas de outubro, novembro e dezembro de 2010, sendo que parte dos estabelecimentos ainda não recebeu os serviços prestados em setembro.
Na última reunião para negociar a dívida, realizada no dia 17 último, os prestadores rejeitaram a proposta do Instituto de quitar a dívida em 24 parcelas com uma carência de três meses para o pagamento da primeira delas.
A paralisação atinge os atendimentos prestados por médicos, hospitais, laboratórios, bancos de sangue, clínicas de diagnóstico por imagem e outras unidade de saúde credenciadas. Apenas os serviços de urgência e emergência serão mantidos.
Boas notícias para o campo
O governador Marconi Perillo fez uma série de anúncios positivos para o setor rural na quinta, 24. O tucano garantiu que vai ativar no próximo mês o programa Cheque Moradia Rural, que deverá construir 1.500 moradias. Marconi declarou também que vai acionar a Secretaria de Segurança Pública para ativação da Patrulha Rural. Segundo ele, a recuperação das rodovias estaduais será iniciada em abril.
Marconi esteve presente no aniversário da cidade de Goianira, onde anunciou o cumprimento de algumas promessas de campanha. Entre elas está a implantação de uma unidade da UEG na cidade e também uma agência do Vapt Vupt. Além da imediata operação tapa-buracos que deve ser feita amanhã no trecho da GO-070 que liga Goianira à capital, o governador afirmou que vai recuperar as duas pistas da rodovia e instalar a iluminação no canteiro central.
O governador anunciou ainda que está avaliando um terreno próximo à Vila Mutirão para a construção de um hospital de urgência que vai atender toda a região Noroeste. "Nós vamos construir ali o melhor hospital de urgência de Goiás, maior até que o Hugo. E ele vai funcionar no mesmo modelo do Crer."
O governador, durante a solenidade, falou sobre o projeto que cria o Fundo de Transportes que tramita na Assembleia legislativa e ressaltou que com os recursos do Fundo, pretende recuperar 1,5 mil quilômetros de rodovias estaduais. "Eu não vou tapar buracos. Vou arrancar o asfalto e fazer tudo de novo. Ao final de 4 anos, Goiás terá as melhores rodovias do País".
O governador Marconi Perillo anunciou hoje que famílias com documentação de imóveis em situação irregular, em Goiânia, terão direito à regularização das escrituras. Ele declarou que determinou ao presidente da Agência Goiana de Habitação (Agehab) Marcos Abrão Roriz, que seja feito o levantamento das regiões com problemas de documentação.
Segundo Marconi, o governo atua em ritmo acelerado para superar as dificuldades. "Recebemos uma máquina com muitos problemas, mas não somos de ficar chorando o leite derramado", alfinetou o governador.