Cai? Não cai!
No Japão, tecnologia é braço forte da construção civil
Tintilar de vidros, móveis se movimentando dentro de casa, dificuldade para ficar de pé e medo. Muito medo!
Esses são alguns sinais clássicos de um terremoto. Esses tremores de terra costumam ser responsáveis pela morte de milhares de pessoas em todo mundo, mas seus efeitos podem ser minimizados com a adoção de normas de construções arquitetônicas anti-sísmicas.
Hoje, o Japão é considerado um dos países com o melhor sistema de prevenção de catástrofes naturais. Desde 1981 foi criado por lá um código que contempla rigorosas regras de construções.
E de lá para cá o governo japonês tem priorizado o desenvolvimento de novas técnicas anti-terremotos. E a prova de que esses investimentos são eficientes foram os efeitos dos desastres naturais do último dia 11 de março.
O sismo de 8,9 graus na escala Ritcher atingiu a costa nordeste do país e foi considerado o mais agressivo da história do Japão. Ele gerou um tsunami que vitimou mais de 11 mil pessoas e ainda assim os prédios nipônicos continuaram de pé.
As estruturas desses edifícios são altamente flexíveis de forma a suportar abalos de grandes dimensões. Os cuidados com as construções começam ainda na fundação da obra. Os alicerces são feitos com suspensões que acabam por absorver o impacto gerado pelo terremoto.
Balança, mas não cai!
Alguns dos novos edifícios públicos já contam com amortecedores eletrônicos. Os outros, mais simples, possuem molas como sistema de amortecimento. Dessa forma, durante os tremores, o prédio inteiro balança uniformemente e reduz as chances de desabamento.
Outra alternativa encontrada pelos japoneses foi revestir as paredes dos prédios com uma estrutura de aço interna. Edificações mais modernas contam ainda com uma espécie de pêndulo em sua parte mais alta, que serve para contrabalancear os movimentos provocados pelos terremotos e permite que o prédio se mantenha 40% mais estável durante um tremor.
Porém, segundo o engenheiro Alberto Chaer, professor da Faculdade de Engenharia Civil da UFG, essas técnicas e dispositivos "minimizam os efeitos dos sismos, contudo não impedem as causas".
O professor lembra que a construção de usinas atômicas em países com instabilidade sísmica, como o Japão, coloca todo a população em grandes riscos. "O homem consegue evitar que um prédio desabe sob a ação de terremotos, mas não consegue minimizar - muito menos prever - as reais consequências de um vazamento de material altamente radioativo".