Mudancas na educacao
Mudanças na educação
Secretário Thiago Peixoto e diretor do Instituto Nacional de Cingapura, Lee Sing Kong, se reúnem para discutir reforma que proporcione ensino de qualidade
da redação
O que é preciso para se ter uma educação de qualidade? Para responder a esta pergunta, especialistas do Brasil e do exterior se reuniram aqui na Capital, ontem, e apresentaram experiências de sucesso na área educacional. A discussão, organizada pela Secretaria Estadual da Educação e realizada no Palácio Pedro Ludovico Teixeira, tem como objetivo a preparação para a reforma educacional que já está sendo elaborada e cujas diretrizes devem ser anunciadas pelo secretário Thiago Peixoto no próximo mês de junho.
Thiago avaliou a vinda do diretor do Instituto Nacional de Educação de Cingapura, Lee Sing Kong, a Goiás como bastante proveitosa para a troca de experiências e conhecimento de boas práticas na área educacional. “Para transformar nossa educação, precisamos saber o que outros Estados e países fizeram para melhorar a qualidade do ensino”, afirmou. O Instituto Nacional de Educação de Cingapura, que Lee Sing Kong dirige, é a única faculdade em todo o país voltada para a formação de professores. De acordo com Kong, esse é um dos fatores que contribuíram para a melhoria educacional em Cingapura, já que os professores passam por um processo de aprendizagem semelhante – o que evita disparidades de qualidade entre diferentes faculdades de licenciatura, como é o caso do Brasil.
No entanto, em Cingapura, concentrar a formação de docentes é mais fácil do que em território brasileiro, levando em consideração as dimensões continentais do Brasil. O tamanho do país asiático é comparável, por exemplo, ao do Estado de São Paulo. Por lá, a população é de pouco mais de 5 milhões de habitantes e cerca de 500 mil alunos matriculados na rede básica – números praticamente semelhantes aos do Estado de Goiás.
Lee também enumerou outras ações exitosas, como investimentos na rede física, valorização e formação de professores e criação de um projeto pedagógico claro, com objetivos bem definidos em termos de ensino para que o corpo docente tivesse facilidade em visualizar qual caminho deveria percorrer para alcançar tais metas.
Remuneração
Entre os exemplos citados pelo especialista na valorização de professores, destacam-se dois. O primeiro é que o corpo docente, independentemente da série que lecionava, passou a receber salários compatíveis aos das profissões tidas como as mais importantes. Isso quer dizer que os professores de lá, em início de carreira, ganham o mesmo que um engenheiro na mesma situação. Para se ter ideia, no Brasil, o piso dos professores é de pouco mais de R$ 1 mil, enquanto o dos engenheiros é de mais de R$ 4 mil.
Isso criou um ambiente de atração dos melhores alunos dos ensinos fundamental e médio. Atualmente, os professores de Cingapura eram os estudantes que outrora figuravam entre os 30% melhores de suas turmas durante a formação básica. Em países como Coreia do Sul e Finlândia, os professores vêm dos 10% melhores.
Mas para conseguir tornar a carreira acadêmica atrativa, o governo de Cingapura também investiu na valorização social da profissão. Ou seja, não bastaram apenas os bons salários, mas também a percepção de que o professor é elemento chave no desenvolvimento do país.
Agenda
O secretário disse ainda que discussões como esta serão constantes até o anúncio da reforma educacional, previsto para junho. Para as próximas semanas, estão previstos outros eventos que contarão com a presença de especialistas do Chile e de Nova York. “É perfeitamente possível adaptar práticas de sucesso de diversas partes do mundo à realidade goiana e brasileira”, comentou.
A palestra de um dos profissionais responsáveis por impulsionar o avanço da educação em Cingapura contou ainda com a presença da pró-reitora de graduação da Universidade Federal de Goiás (UFG), Sandramara Matias, e da secretária executiva de Gestão de Pernambuco, Margareth Zaponi. Ambas também participaram da mesa redonda. A convite do secretário Thiago Peixoto, o especialista Lee Sing Kong também esteve reunido na Seduc com superintendentes da pasta.