Melhor desempenho nos estudos

Melhor desempenho nos estudos

A importância do ensino musical no aprendizado dos alunos vai além dos benefícios destinados à própria disciplina. A diretora do Centro de Estudo e Pesquisa Ciranda da Arte, vinculada a Secretaria do Estado, Luz Marina Alcantara, explica que ensinar música torna as pessoas mais humanizadas e proporciona um aumento na formação do senso crítico individual. “Ensinar música é, simplesmente, tornar os estudantes sensíveis aos sons, é o desenvolvimento da escuta significativa. A sua função na escola é desenvolver o imaginário e a expressão musical dos estudantes, a competência para improvisar, compor e interpretar, ampliando-lhes o universo musical e a capacidade crítica”, afirma.


Nilceia Protásio, coordenadora do curso de licenciatura em Música da UFG e representante estadual da Associação Brasileira de Educação musical (Abem), afirma que os estudantes melhoram seu desempenho quando a música é englobada na sua grade de ensino. “Em minha pesquisa de doutorado, pude constatar que alunos, especialmente da rede pública de ensino, têm melhoras em seu desempenho escolar quando participam de grupos e de atividades musicais. Regentes e diretores escolares relataram influências positivas no comportamento do aluno em sala de aula”, expõe.

Resultados
Quem concorda com esse posicionamento é a pianista Brisa Broseghini, professora há três anos da disciplina Música, no Colégio Estadual Professor José Carlos de Almeida, em Goiânia. “A modalidade contribui para viver em sociedade. Os alunos aprendem a prestar atenção, ficam mais interessados, organizados e compromissados. Eu aproveito que eles gostam da diversão que a disciplina transmite para ensiná-los a ouvir o som e organizá-lo. A diferença dos alunos que assistem a aula é notável”, garante. 


Estudantes do 9º ano não escondem a alegria em participar das aulas todas as sextas-feiras. Trabalhando em grupos e adquirindo conhecimentos antes não ensinados, os estudantes vão se tornando mais interessados e atentos, à medida que seu senso crítico é desenvolvido. Edvaldo Borges, aluno especial da professora Brisa, reforça o seu contentamento em aprender mais sobre atividades que ele já vivenciava. “Gosto da aula porque aperfeiçoa as melodias. Aprendo sobre percepção de barulho e sons”, afirma. Edvaldo conta que já toca bumbo, tarol e surdo e, com as aulas semanais, aumenta a possibilidade de tocar outros instrumentos.


Especialistas defendem o ensino da modalidade de forma exclusiva por mais que a área estabeleça possibilidades de interação com outros desdobramentos artísticos. Nilceia e Luz Marina consideram a possibilidade de interdisciplinaridade da música com outras matérias. “Nossas diretrizes orientam para que cada área artística tenha o seu profissional habilitado. No entanto, isso não impossibilita que o professor de música elabore projetos de trabalho em conjunto com professores de outras áreas, como uma proposta interdisciplinar”, completa Luz Marina.


A forma como vai ser aplicada na grade curricular da educação deve ser determinada pela própria escola, de acordo com a sua realidade cultural, social e estrutural. Profissionais da área musical consideram de extrema importância que a música não seja vista como algo banal, sem merecimento para ser ensinada. Posição que deve partir não só dos pais dos alunos, mas pela população de forma geral.