Indivisível, eu?

Alessandro Copetti
A descoberta do elétron, em 30 de abril de 1897, derrubou um mito: a de que o átomo não podia ser dividido]
Provavelmente muitas pessoas já ouviram dizer que os fenômenos físicos estão por toda a parte, afirmação essa que é a mais pura verdade. Esse é o caso dos elétrons, por exemplo, partículas de tamanho microscópico que são responsáveis por uma série de fenômenos bem visíveis e hoje indispensáveis para o planeta, o homem, as máquinas.
Seja em uma corrente elétrica, nos feixes de solda, no funcionamento dos microscópios eletrônicos, e até mesmo em televisores (exceto plasma e LCD), os elétrons estão presentes. Tais partículas possuem cargas elétricas negativas e são responsáveis pelas radiações de onde se originam os raios catódicos.
O nome parece um pouco complicado, mas a sua aplicação nem tanto, já que o fenômeno físico que produz pontos luminosos é fundamental para o funcionamento de televisores. Todos esses desdobramentos ocasionados pela descoberta do elétron, que na Física é representado pela letra "e" tem um responsável central, o físico britânico Joseph John Thompson.
A descoberta feita anunciada por ele no dia 30 de abril de 1897 e foi fruto de uma sequência de trabalhos realizados ao longo de muitos anos por mais de um cientista. Mas foi J.J. Thompson, como era conhecido, que coube um papel central na descoberta científica.
Nascido em Cheetham Hill, na Inglaterra, em 18 de dezembro de 1865, aos 14 anos de idade, por decisão da família, ele foi estudar no Owens College de Manchester (hoje Victoria Univers­ity), onde cursou En­genha­ria.


Raios catódicos
Já formado, foi professor de Física e mais tarde assumiu o cargo de diretor do Labo­ratório Cavendish na Unive­rsi­dade de Cambridge. Mas foi atuando como pesquisador na renomada instituição de ensino que J.J. realizou experimentos que iriam torná-lo conhecido em todo o mundo.
Naquela época, o pesquisador deu início a uma série de experimentos para descobrir a natureza dos raios catódicos, que, até então, eram um enigma. As dúvidas, que povoavam a mente de muitos cientistas da época, começaram a ficar mais lúcidas na cabeça de Thompson.
Isso à medida em que ele observava que os raios catódicos podiam ser desviados por um campo elétrico, o que indicava, conforme as leis da Eletrodinâmica, que os raios constituíam um feixe de partículas com carga elétrica que, baseado em seus testes, ele descobriu serem negativos e chamou-os de elétrons.


Decisivo
De acordo com o pós-doutor em Física, Ricardo Avelino Gomes, do Instituto de Física da UFG, as descobertas de J.J. podem ser consideradas como um marco para o desenvolvimento científico e tecnológico.
Nesse sentido, ele lembra que a descoberta do elétron integra o campo das ciências básicas, não no sentido de ter menor importância, mas sim porque é fundamental para o progresso de outras pesquisas. "Thompsom não só descobriu o elétron numa sequência lógica, como também desenvolveu o primeiro modelo de átomo", destaca Gomes, ao lembrar mais uma importante contribuição do pesquisador inglês.
O modelo de átomo em questão é o chamado "pudim de passas", onde o átomo é descrito composto de elétrons que aparecem como se estivessem imersos numa "sopa de carga positiva", o que remete a passas em um pudim. Mais tarde o modelo viria a ser substituído pelo de modelo atômico de Rutherford.