[UFG - Fonte] Êxodo rural diminuiu nos últimos dez anos, revela o censo (O Popular, 30/04/11)

Êxodo rural diminuiu nos últimos dez anos, revela o censo

 

Alfredo Mergulhão


O êxodo rural diminuiu em Goiás nos últimos 30 anos, revelam os dados do Censo 2010 divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). A quantidade de habitantes que deixaram o campo na última década é 86,3% inferior ao número de migrantes para a cidade nos 10 anos anteriores.

Mesmo com um fluxo migratório mais lento, a quantidade de habitantes do campo continua diminuindo. Nos últimos dez anos, 22 mil pessoas deixaram a zona rural e foram morar nas cidades. Na década anterior, o Censo registrou a fuga de 165 mil pessoas do campo para as zonas urbanas. Neste mesmo intervalo, também houve encolhimento da população rural no restante do Brasil. Os habitantes do campo passaram de 31 milhões em 2000 para 29 milhões em 2010.

Durante a década de 1980, a debandada foi ainda maior em Goiás. Foram 284 mil as pessoas que deixaram a zona rural em Goiás. De acordo com o diretor do Instituto de Estudos Socioambientais (Iesa) da Universidade Federal de Goiás (UFG), João Batista de Deus, essa fuga refletiu a expansão da fronteira agrícola brasileira. O professor sustenta que o êxodo ocorreu devido ao modelo empregado no Brasil nas décadas anteriores, com valorização das grandes propriedades na produção de grãos e criação de gado.

Para João Batista de Deus, o movimento de volta ao campo foi estimulado pela reforma agrária. O agricultor José Maria da Silva vivenciou os dois processos. Nascido e criado na roça deixou a zona rural de Nazário em 1974. Mudou-se para Itaberaí, mas sempre fez bicos em atividades rurais. "Minha esperança sempre foi voltar para o campo", disse. Ele conseguiu em 2000. Hoje, vive com a mulher no assentamento Dom Fernando Gomes, em Itaberaí.

O presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Goiás (Fetaeg), Elias d'Ângelo Borges, acrescenta os programas de crédito agrícola, o fortalecimento da economia nacional e a melhora na qualidade de vida no campo como itens mantenedores da pessoa na terra. "A chegada da energia elétrica, do telefone, da internet e da educação ajudou", disse.


Embora o êxodo tenha diminuído, os impactos na vida dos produtores rurais permanecem. Segundo o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), José Mário Schreiner, "falta mão de obra para o setor, que comporta muito mais gente e produz para o mundo". No entanto, admite que a migração mostra fragilidades da vida no campo. "É preciso levar educação, capacitação e mais qualidade de vida", sugeriu.

População goiana cresceu acima da média

Goiás cresceu acima da média nacional nos últimos dez anos, com a oitava maior taxa de crescimento populacional do País: 1,84%. A taxa do Brasil foi de 1,17%, a menor de toda série histórica do Censo, realizado desde 1872.

A quantidade de idosos subiu 56,7% na última década e hoje é maior que a população de crianças com idade de até quatro anos. A população com idade acima de 60 anos chegou a 561 mil, quantidade superior aos 442 mil menores de quatro anos.

O levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) também verificou uma supremacia da população feminina. Goiás tem 40 mil mulheres a mais que homens. A proporção é de 98 homens para cada 100 mulheres. No Brasil, a proporção é de 96 homens para cada 100 mulheres.

No Estado, existem 1.593 casais formados por pessoas do mesmo sexo. No Brasil, o número passa de 60 mil. Assim como no restante do Brasil, a população negra ou parda aumentou enquanto a branca diminuiu.