Olhar para a vida
Olhar para a vida
Uma nova maneira de ver o mundo e a si mesmo. Mais do que permitir contato visual adequado com o ambiente, o projeto Boa Visão garante mais qualidade de vida e melhor desempenho escolar para alunos da rede municipal de educação que apresentam problemas oculares.
A ação é uma parceria da Secretaria Municipal de Educação (SME), Fundação Jaime Câmara e Centro de Referência em Oftalmologia (Cerof) da Universidade Federal de Goiás (UFG).
Os alunos são atendidos em unidade volante, ônibus-consultório, onde uma equipe técnica capacitada realiza pré-exames e preenchimento de fichas cadastrais, utilizados para indicar casos http://www.noticiasbr.com.br/vestibular-da-ufg-mais-de-11-mil-candidatos-participam-da-segunda-fase-31909.htmlem que são necessárias consultas médicas e exames mais aprofundados.
O projeto encaminha para correções visuais, seja por meio da entrega de óculos ou com tratamentos específicos como o uso de tampão, exercícios, aplicação de colírios ou cirurgias para casos de glaucoma, problemas na retina e catarata.
Todos os procedimentos e a distribuição dos óculos não têm nenhum custo para o aluno atendido. No momento da escolha, são apresentados mais de 60 modelos de armações.
Prejuízos ao aprendizado
O objetivo do projeto é minimizar as consequências dos problemas visuais no ensino.
Dados dos ministérios da Saúde e da Educação apontam que estes são responsáveis por grande parte da evasão escolar e déficit de aprendizado registrados atualmente no país.
De acordo com a diretora-executiva da Fundação Jaime Câmara, Raquel Teixeira, o projeto busca o completo rendimento de crianças, jovens e adultos atendidos nas instituições municipais. “Nós, educadores, sabemos que a criança que não enxerga bem não tem um bom desempenho na escola. Além de não ver e não acompanhar os conteúdos, ela é vítima de bullying, de brincadeira”, alerta.
A secretária de Educação de Goiânia, Neyde Aparecida, lembra a contribuição de professores e familiares nestes casos. “O incentivo na escola e em casa são importantíssimos para que o aluno assimile os óculos com naturalidade. Assim, terá confiança para usá-lo na sala de aula”, defende.
Neyde Aparecida ressalta também a importância de se tratar adequadamente a saúde visual dos alunos da rede.
“Mais de 80% do relacionamento que temos com o ambiente se dá por meio da visão. Por isso, é fundamental que esse aspecto seja tratado
Enxergar longe
A volta de adolescentes, jovens e adultos às escolas municipais para a conclusão do Ensino Fundamental ganha novos contornos com o auxílio do projeto Boa Visão.
Para Paulita Pimenta, 50 anos, matriculada na Escola Municipal Jardim Nova Esperança, a interrupção nos estudos foi motivada pelos problemas de visão. “Não conseguia ver e parei de estudar. Fiquei 34 anos longe da escola”, revela.
Atendida pelo Boa Visão, Paulina receberá óculos para uso contínuo. Sem o tratamento adequado, as dificuldades da aluna extrapolam a sala de aula. “Sempre errava o caminho para o trabalho porque não conseguia localizar onde estava”, comenta.
Júlia Cristine Nascimento Costa, 23 anos, aluna da EAJA da Escola Pedro Xavier Teixeira, há quatro anos sem consultar com oftalmologista, também foi acompanhada pelos médicos do projeto.
“Muita gente tem dificuldade e não sabe o motivo. Já fiz exames e tinha problemas para a leitura. Atualmente, sinto muita dor de cabeça”, afirma Júlia.
A aluna conta que, para muitos colegas que trabalham durante o dia, receber atendimento na escola é uma facilidade. “É válido essa equipe vir até a escola, pois muitas pessoas não têm condições de ir ao consultório”, relata.
com bastante cuidado”, afirma.
Até o final do ano, mais de 11 mil alunos serão atendidos pelo projeto. Em 2012, a expectativa é intensificar a frequência de visitas às escolas, explica o coordenador na Fundação Jaime Câmara, José Augusto Amaral de Castro.
Pelo serviço prestado, o projeto Boa Visão já foi premiado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
Detalhes coloridos, lentes menores e muitas dúvidas sobre os óculos. Diante do novo visual, muitas crianças têm dificuldades de adaptação.
Para garantir o uso em sala de aula, são oferecidos diferentes modelos e cores de armações e a escolha é orientada por profissional qualificado.
“Quem usa, fica bonito!”
A servidora da Fundação Jaime Câmara, Sheila Pinheiro, auxilia no momento da definição dos óculos distribuídos pelo Boa Visão e explica que é fundamental que o aluno goste do acessório.
“Elas têm total liberdade para escolher os óculos que gostar. Buscamos que o atendimento seja o mais personalizado possível”, comenta.
A notícia de que teria que utilizar óculos não agradou Amanda Lima de Souza, 9, que passou pela consulta e teve problemas detectados. “Tive dificuldade para enxergar durante o exame. Para quem nunca usou óculos, deve ser muito difícil acostumar”, diz a educanda.
Segundo Sheila, em muitos casos, a resistência é motivada pelo medo de sofrer bullying, caracterizado principalmente por brincadeiras e apelidos.
Não é o caso de Dafne Veloso Dias, 9, aluna da Escola Municipal Jardim América. “Meu irmão usa óculos e, se precisar, vou usar também. Acho bonito! Quem usa fica com cara de gente séria”, afirma.