Jornalista produz lista falsa de twitters

  “Jornalista” produz lista falsa de Twitters influentes e engana políticos e jornalistas

 

Edward Munch — O grito

Na quinta-feira, 5, um perfil do Twitter identificado como @CienciaGO1 ou “Grupo de estudantes de matemática, física e engenharia da UFG” divulgou uma lista com “100 perfis mais influentes do Twitter em Goiás”. Apesar da tentativa de estardalhaço, as ferramentas supostamente utilizadas para a auditagem não foram divulgadas. O Jornal Opção recebeu informações de que não existe nenhum “Grupo de estudantes de matemática, física e engenharia da UFG”. A lista teria sido forjada por um ex-repórter de um diário goianiense. Ele teria comentado: “É muito fácil enganar políticos e jornalistas. É só mexer com a vaidade deles”. O “jornalista” está certo: políticos e jornalistas, extremamente “felizes” com a inclusão de seus nomes na lista dos mais “influentes”, citaram a lista dezenas de vezes. Há incautos em todas as paragens.

O Jornal Opção pediu a dois analistas de mídias sociais para que verificassem a veracidade da lista. A resposta dos analistas consultados foi de que a lista divulgada como verdadeira, usando o nome da Universidade Federal de Goiás para assegurar credibilidade, “é apenas uma brincadeira, já que não traz nenhum argumento científico e os elementos apontados não resistem a um minuto de análise”. Conforme o “Grupo de estudantes de matemática, física e engenharia da UFG”, “responsável” pela divulgação, “para chegar-se à lista, foram analisados e ranqueados os perfis produzidos a partir de Goiás e foram levados em conta todos os tweets postados entre 1º de fevereiro e 30 de abril de 2011 (ou seja, os últimos três meses)”.

Os analistas consultados pelo Jornal Opção afirmam que a informação é falsa, já que não existe uma forma de auditar menções e RTs postados há mais de 15 dias, exceto nos casos em que exista um desenvolvedor autorizado. Outro ponto questionado é o fato de que “o Twitter não consegue separar Reply de RTs manuais”. Outro detalhe apontado, segundo nossos consultores, sugere “completo desconhecimento daquilo que escreveram os ‘autores’ da publicação: não existe o termo Phishing no Twitter. Phishing refere-se a e-mails que tentam adquirir, de forma fraudulenta, informações pessoais como a senha da conta bancária ou informação de cartão de crédito”. 

Os consultores de mídia também afirmam que “um rápido levantamento em algumas das principais ferramentas de auditagem do Twitter, como Klout, Tweet Rank e Twitalyzer, mostra que a lista não corresponde à realidade e que seria impossível, em qualquer ferramenta de métrica e aferimento de audiência, um perfil com 3 mil seguidores ficar na frente de um perfil ativo com 20 mil.”

Se estivermos errados, pedimos, de forma humilíssima, que o grupo de “estudantes” — ou gazeteiros — se apresente e forneça as explicações necessárias. Imagine se o “jornalista” for convocado para apresentar explicações ao Ministério Público e, depois, à Justiça. O que vai dizer? E os que foram enganados: o que vão dizer à sociedade?