[UFG] Prédio da UFG pode virar museu do Direito em GO (Diário da Manhã, 08/06/11)
Prédio da UFG pode virar museu do Direito em GO
A Universidade Federal de Goiás (UFG) nasceu na antiga sede da Faculdade de Direito, na Rua 20, gestada no caldeirão da intensa efervescência política da época. Por isso, o edifício, hoje ocupado por serviços da Seção Judiciária da Justiça Federal em Goiás, deve ser retomado pela UFG e ser transformado em museu, para preservar a história do curso de Direito e da fundação da universidade. Essa tese é defendida com ardor pelo advogado e promotor aposentado João Neder. “A nossa turma em peso apoia com entusiasmo a ideia e o reitor da UFG, Edward Madureira Brasil, já se mostrou sensível à nossa causa”, diz.
Para se entender a importância das lutas dos estudantes da antiga Faculdade de Direito, da Rua 20, Neder lembra a campanha pela mudança da capital federal para Goiás: “Em 1957, fizemos uma parceria com o Centro Acadêmico 11 de Agosto, da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, em São Paulo, apoiando a mudança da Capital. Promovemos a Semana Mudancista, com enorme repercussão. Os estudantes tinham prestígio. A Faculdade de Direito foi um marco e ainda é uma unidade de destaque na UFG até hoje.”
Outra batalha que os estudantes de Direito da década de 1950 lembram sempre com orgulho foi a luta pelo fim da exploração predatória do mogno goiano. “Uma empresa estrangeira explorava o mogno. Estavam acabando com tudo. Nós conseguimos barrar a depredação. O símbolo de nossa luta está lá no prédio da Rua 20, um mogno majestoso, que plantamos e, hoje, é uma das árvores mais altas de Goiânia”, comenta.
João Neder explica que o museu faria justiça a uma luta que mobilizou todos os estudantes da antiga Faculdade Direito e empolgou a sociedade. “Era outra época, os estudantes eram muito mais respeitados. Quando íamos à rua, o governo tremia. Entendíamos, e os fatos vieram comprovar que tínhamos razão, que uma Universidade Federal representaria mudança em toda a estrutura do Estado, que era muito precária.”
Os estudantes da Rua 20 eram ousados e disponíveis. Foram ao presidente da República, Juscelino Kubitschek, peregrinaram pelos gabinetes dos ministros e conseguiram arrancar a Universidade Federal dos escaninhos da burocracia. João Neder lembra que a ideia enfrentava oposição. “O arcebispo de Goiânia era contra. Os ânimos políticos na época eram muito exaltados, quem fazia oposição a nós no movimento estudantil dizia que a proposta era coisa de comunistas.”
Neder se empolga quando fala do resgate da história da Rua 20: “A devolução do prédio à universidade é imperiosa, para preservar a memória das gerações de jovens idealistas e grandes mestres que ali ajudaram a construir o novo Goiás.”