Relatório da UFG condena construção

Relatório técnico-científico elaborado por professores do Instituto de Estudos Socioambientais (Iesa) da Universidade Federal de Goiás (UFG) considerou imprópria a área onde a Brookfield Incorporadora S.A. pretende construir um condomínio residencial, no Setor Goiânia 2, na capital. O documento foi entregue ao Ministério Público (MP) estadual na semana passada. Na última sexta-feira, ocorreu a terceira audiência judicial por conta da ação cautelar movida pelo MP. Não houve acordo. O órgão ministerial estuda dois pareceres divergentes antes de elaborar um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC).

Cinco professores participaram da elaboração do relatório técnico-científico. O grupo chegou à conclusão de que a área é de elevada vulnerabilidade ambiental, não sendo propícia uma intervenção de grande porte como a que foi proposta. O documento alerta para o risco iminente de inundações e alagamentos, pois a área serve de armazenamento para a água excedente à capacidade do canal principal, evitando que lugares abaixo e acima do local também inundem.

Segundo o documento, durante uma visita técnica ficou constatado que as obras do Condomínio Reale são realizadas sobre um aterro construído na planície de inundação do Ribeirão João Leite. Inclusive, foi necessária a construção de muro de arrimo, de rede de drenagem tubular e de um canal a céu aberto para escoamento da água de uma lagoa, de acordo com o relatório.

O documento elaborado pela UFG será utilizado nas análises da Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma) e do MP para decidir sobre a continuidade das obras. A Amma estuda uma proposta de readequação do projeto, feita pela Brookfield. A incorporadora propôs retirar duas torres, duas quadras esportivas e um estacionamento. De acordo com a assessoria de comunicação da Amma, a agência vai se pronunciar somente quando o relatório for concluído.

Já o MP estuda o relatório feito pela UFG para elaborar um TAC. Na semana passada, durante audiência judicial, chegou-se a discutir os itens do termo de ajustamento de conduta, que previa até uma multa no valor de R$ 1 milhão à Brookfield. Mas com a chegada do parecer elaborado pelos professores da UFG, o documento foi abortado. Uma nova audiência judicial será realizada na sexta-feira da próxima semana.