Sons do Mundo
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Grupo Mawaca apresenta sua mistura sonora com ritmos de várias partes do planeta em show nesta terça-feira em Goiânia
Rodrigo Alves
Grupo Mawaca: pesquisa de ritmos musicais de várias regiões do planeta resultou no show que será apresentado hoje em Goiânia
Eles não estão ligados a um grande conglomerado musical, não têm nomes conhecidos do mainstream e não bebem necessariamente em fontes de apelo fácil. Mesmo assim conquistam um público fiel por onde passam, graças ao tom pop e performático que aplicam à vasta pesquisa de sonoridades que vão encontrando pelo mundo. Somando-se ao todo 13 músicos, compõem o grupo Mawaca, atração que se apresenta, nesta terça-feira (21), no projeto Música no Câmpus, da Universidade Federal de Goiás em parceria com o Sesc, com entrada a 20 reais (inteira), a partir das 20 horas.
Com a proposta pouco habitual, o grupo de São Paulo desembarca pela primeira vez em Goiânia trazendo na bagagem um repertório com cerca de 16 músicas, com interpretações que contemplam nada menos do que 15 diferentes línguas. O espetáculo, Mawaca Para Todo Canto , é um destaque de uma variada lista do grupo que gerou há cinco anos o primeiro DVD. "Sempre que chegamos a um lugar em que não conhecem nosso trabalho, resolvemos levar esse show que tem um apelo maior", diz a diretora musical, Magda Pucci, que fundou o grupo há uma década e meia.
No espetáculo, o Mawaca se propõem a recriar músicas com inspiração ancestral, usando os temas sonoros de diversas partes do mundo. Mesmo assim não deixam de criar conexões nas composições, com a música brasileira. O resultado é uma inventiva teia musical, que os integrantes chamam de "tramas étnicas". Como pano de fundo, por exemplo, estão cocos e cordéis nordestinos, mantras indianos, cangomas africanas, horos búlgaros, criando um mistura sonora única.
Regionais
Ao mesmo tempo em que se dispõe a fazer uma mistura globalizada, o foco do trabalho do Mawaca, em essência, vai para os temas regionais. Do Brasil, por exemplo, o conjunto apr esenta uma versão de Êh Boi! , música do Norte destacada há quase um século pelo escritor Mário de Andrade. Em Dendê com Curry , faz uma brincadeira musical com um ritmo indiano, acompanhado por pandeiro e tablas.
Em Pra Qualquer Santo , o grupo baseia-se em um cordel de Patativa do Assaré, o expressivo poeta cearense. As danças indianas, que resultam em números bastante performáticos das cantoras e dançarinas Zuzu Abu (barathinaya) e Cris Miguel (odissi), também dão um toque especial ao espetáculo. Neste caso, Zuzu representa a mulher de Shiva, a poderosa deusa Kali, cuja música é o rap indiano Kali, e Cris apresenta, por meios de mudras (gestos de origem budista), imagens também evocadas pelas nossas cirandas em Ciranda Indiana.
Além dessas obras, o Mawaca apresenta ainda Salam! Shalom! , uma saudação que mistura aspectos muçulmanos com tradições hebraicas, e Roxinha da Sanabria , baseada em sons de origem espanhola, geralmente um dos pontos do show em que o público mais se empolga. A base instrumental é variada, tem acordeão, saxofone, violino, flauta, violoncelo, vibrafone, além de um variado aparato percussionista. É na percussão que se fazem sentir os diferentes tipos de sons regionais, a exemplo da tablas indianas.
Além das performances vocais, instrumentais e de dança dos integrantes, Para Todo Canto também destaca uma produção visual esmerada em figurinos e componentes cenográficos. Os figurinos são assinados por Cecília Borelli, e a cenografia por Kiko Araújo e Silvana Marcondes.
Show: Grupo Mawaca - Projeto Música no Câmpus
Data: Terça-feira, às 20 horas
Local: Centro de Cultura e Eventos da UFG (Câmpus Samambaia, ao lado do Conjunto Itatiaia) / Ingresso: R$ 20 (inteira)
Informações: 3221-0693 e 3221-0697
Os Integrantes
Ramiro Marques (saxofone)
Estudou na Fundação das Artes de São Caetano do Sul (SP) e na Universidade Estadual Paulista. Atua como músico convidado em importantes orquestras como Osesp e OSMSP. Desde 1989 pertence ao naipe de saxofones da Orquestra Filarmônica de São Caetano do Sul.
Paulo Bira (contrabaixo)
Baixista, compositor e arranjador, tem uma formação ampla que vai desde a música instrumental brasileira e o jazz até o pop, reggae e rock. Já tocou em várias bandas da cena paulistana. Gravou e produziu CDs de nomes conhecido como Tetê Espíndola, Bocato e Dema K.
Ana Eliza Colomar (violoncelo e flauta)
Estudou na Escola de Música Municipal de São Paulo. Completou sua formação em workshop e festivais, como os de Campos do Jordão, Curitiba e Tatuí. Participou de diversos espetáculos teatrais, como Os Miseráveis e A Bela e Fera.
Zuzu Abu (cantora)
É bacharel em Comunicação Social e atriz formada pelo Teatro Escola Macunaíma. Estudou canto popular, canto indiano e danças étnicas, entre elas dança do ventre, indiana e flamenco. Como atriz já trabalhou com diretores, como Antônio Abujamra.
Susie Mathias (cantora)
Iniciou a carreira de intérprete em 1980 e foi premiada em diversos festivais no interior de São Paulo e Minas Gerais. Elaborou e dirigiu diversos shows, apresentados em casas famosas paulistanas como o Sesc Pompeia. Em 1990, empreendeu uma pesquisa sobre ritmos amazônicos do Pará.
Angélica Leutwiller (cantora)
É licenciada em Educação Artística e Música pela Universidade Estadual Paulista. Foi regente dos corais Pfizer, Maria Ward e Sudameris. Atuou como cantora e atriz em diversos outros espetáculos e hoje também é integrante do Coral da Osesp, onde está desde sua fundação.
Christina Guiçá (cantora)
Formada em música pela Escola de Belas Artes de São Paulo, atua como cantora, atriz, compositora e violonista desde 1984. Participou de diversas montagens teatrais em São Paulo, como Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto.
Cris Miguel (cantora)
Atriz, acordeonista, cantora e dançarina, estudou Música na Faculdade de Artes do Paraná. Fez curso de cinema e teatro com nomes como Antunes Filho, Fátima Toledo e Tisuka Yamasaki. Também estudou danças árabes, cigana, flamenco e dança afro.
Magda Pucci (cantora)
Pesquisador, pianista e cantora, dirige e produz o Mawaca há 15 anos. É formada em Composição e Regência pela USP. Em 1994 iniciou uma pesquisa em música
étnica pelo World Institute of Music de Nova York. Estudou também música
popular e jazz em São Paulo.
Sandra Oak (cantora)
Formada em Educação Artística pela Universidade Estadual Paulista, estudou também canto popular pela Universidade Livre de Música. Já atuou em diversos corais, sob regência de Victor Gabriel, Ricardo Cardim e Samuel Kerr. É especialista é musicalização infantil.
Valéria Zeidan (percussão)
Musicista com formação em piano e bacharel em Percussão pela Universidade Estadual Paulista. Desenvolve atividades em orquestras sinfônicas, grupos camerísticos, espetáculos teatrais, shows de música popular e de world music. Estudou percussão erudita com nomes importantes como Elizabeth Del Grande, Carlos Stassi, John Boudler e Eduardo Gianesela.
Armando Tibério (percussão)
Estudou percussão sinfônica na Escola Municipal de Música de São Paulo. Iniciou a vida profissional em 1975, acompanhando diversos artistas, tocando em bandas de diversos estilos. Trabalhou, por exemplo, com Maria Alcina, Tom Zé, Martinha e Rosemary.
Gabriel Levy (acordeão)
Tem formação eclética, na música erudita e popular. Atua como educador musical, produtor, arranjador e regente de coral, além de diretor musical de dezenas de gravações de CDs. Recentemente tem se dedicado mais à música instrumental brasileira, fora do trabalho com o Mawaca.