Investimentos em educação é tema de debate na SBPC
14 de Julho de 2011 | Por: Lethícia Ávila
A proposta de atrair jovens para o magistério foi discutida ontem, pelo membro do Conselho Nacional de Educação (CNE) e um dos fundadores do movimento Todos pela Educação, Mozart Neves Ramos. Ele e o coordenador do Grupo de Trabalho de Educação da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Isaac Roitman, autores do livro A urgência da Educação, com prefácio do senador Cristovam Buarque, apresentaram suas ideias sobre o assunto. A obra foi lançada ontem na 63º reunião da SBPC, na Universidade Federal de Goiás (UFG).
No evento, Mozart ressaltou que um dos principais desafios para que a educação seja tratada com prioridade no desenvolvimento do País é o investimento na valorização da carreira de professor. Ele aponta que a profissão precisa ser objeto de desejo da juventude, para que os problemas relacionados à aprendizagem sejam sanados. Mozart sugere que esse quadro precisa ser revertido com urgência e salienta que não basta um salário atraente. O membro do CNE afirma que é importante investir na carreira para que ela se torne promissora e possibilite uma formação sólida com condições de trabalho apropriadas para que o bom desempenho seja atingido. “Nos países que estão no topo da educação mundial, como a Finlândia, Coréia e Singapura, os jovens almejam a carreira de professor porque ela é valorizada, não só com bons salários, mas com investimentos, que possibilitam uma evolução na carreira”, afirma.
Segundo Mozart, no Brasil, um professor ganha 40% menos do que a média de outros profissionais com a mesma escolaridade. Estudo feito pela pesquisadora Fabiana de Felício, com base nos dados da PNAD/IBGE, indicam Pernambuco como o Estado que paga o menor piso salarial à classe. A quantia de R$ 1.219 é paga aos professores da região ao passo que profissionais com a mesma escolaridade, que atuam em outras funções, ganham em torno de R$ 2.311. Ao contrário, o DF lidera como o Estado que paga melhor, com um piso de R$ 3.472. No País, a média do piso salarial dos professores é de R$ 1.745, enquanto um trabalhador com o mesmo nível ganha em torno de R$ 2.799.
Os dados que avaliam o nível de escolaridade dos alunos no País também são preocupantes, segundo Mozart. Ele diz que, dos estudantes brasileiros que concluem a educação básica, apenas 12% aprenderam o conteúdo da maneira esperada. Os 89% restantes percorreram o longo caminho sem ter conseguido satisfazer os níveis básicos de aprendizagem. Para reverter esse quadro, é preciso aumentar os investimentos do PIB destinados à educação. Hoje, apenas 5% do valor é investido na área. Cerca de R$ 140 bilhões vão para a educação básica.