[UFG] UFG tem dificuldade para terminar novos prédios (O Popular, 26/07/11)
UFG tem dificuldade para terminar novos prédios
Segundo universidade, problema é nacional e não ocorre por falta de dinheiro, mas porque empreiteiras abandonaram construções no meio
Carla Borges
A Universidade Federal de Goiás (UFG) vem enfrentando dificuldades para concluir obras iniciadas dentro do Programa Reuni (Reestruturação e Expansão das Universidades Federais) em Goiânia e nos câmpus de Catalão e Jataí. O motivo não é falta de dinheiro, mas problemas com as empresas vencedoras das licitações realizadas pelo Ministério da Edu cação (MEC), que, na maioria dos casos, abandonam as obras no meio por falta de condições técnicas e financeiras para concluí-las. Atualmente, segundo a UFG, há duas obras paradas.
Nos últimos três anos, revela o arquiteto Marco Antônio de Oliveira, diretor do Centro de Gestão do Espaço Físico (Gesef) da UFG, pelo menos 20 contratos de obras foram rescindidos. A situação repete-se em outros Estados. Reportagem publicada no domingo pelo jornal O Estado de S. Paulo mostra que há 53 obras paradas em 20 universidades federais em todo o Brasil. Em seu site na internet, o MEC informa que há quatro obras da UFG paradas, mas o diretor do Gesef esclarece que duas já foram reiniciadas.
Ambas as obras que ficaram meses paradas e foram retomadas em julho ficam no câmpus de Jataí: a construção do hospital veterinário e do laboratório de exatas e saúde. As que ainda estão paralisadas são a do centro de aulas das Escolas de Engenharia, na Praça Universitária, em Goiânia, e o edifício multifuncional do câmpus de Catalão. Cada vez que um problema desses acontece significa meses de atraso. Só para a realização de nova licitação são necessários, no mínimo, 90 dias.
No caso das Escolas de Engenharia de Goiânia, o processo está em fase de rescisão. Como apenas o que foi efetivamente executado do contrato pode ser pago, primeiro é necessário submeter o processo à avaliação da procuradoria federal do MEC, em Brasília. Já os estudantes de Catalão têm a perspectiva de ver a obra ser retomada antes. A nova licitação já foi feita e agora falta ser homologada.
O arquiteto Marco Antônio diz que a universidade atravessa um momento de "grande dificuldade", especialmente pela situação do setor de construção civil, que vive o maior boom das últimas décadas. "As construtoras pegam obras com valores pequenos e depois têm dificuldades para concluí-las", relata. "É um problema não apenas com a UFG, mas do mercado da construção civil. É um mercado competitivo e muitas vezes as empresas apresentam preços baixos e depois, sem capital de giro e com outras dificuldades, abandonam as obras", revela Marco Antônio.
Em nota, o MEC, por meio de sua Assessoria de Comunicação Social, informou que o ministério coordena, no momento, juntamente com as reitorias das universidades federais, 3.608 obras, das quais 1.697 estão concluídas, 998 em execução e as demais em fase de planejamento, licitação ou outros procedimentos administrativos. O MEC diz, na nota, considerar pequeno o número de obras paradas, diante do conjunto, e garante que em todos os casos a paralisação ocorreu devido a problemas com a empresa responsável pela obra.
"Em todas essas situações, a empresa vencedora da licitação abandonou o canteiro de obras ou demonstrou incapacidade operacional, levando à rescisão contratual", prossegue a nota. Segundo o MEC, contabilizando as obras em andamento, são 3,5 milhões de metros quadrados de novas instalações.
A nota ressalta a interiorização do ensino superior e o aumento do número de vagas, que mais do que dobrou de 2003 a 2011, passando de 109,2 mil para 235,6 mil. "As matrículas nos cursos presenciais também aumentaram passando de 527,7 mil em 2003 para 696,7 em 2009", conclui o MEC.