[UFG] Estudantes de baixa renda ocupam maioria das vagas (O Popular, 04/08/11)

 

Estudantes de baixa renda ocupam maioria das vagas

Pesquisa da Andifes mostra que 55% dos alunos da UFG pertencem às classes C, D e E. Média nacional apontada no estudo é de 43%

Alfredo Mergulhão04 de agosto de 2011 (quinta-feira)

 Universidade pública

Estudantes pertencentes às classes C, D e E já ocupam mais da metade das vagas oferecidas na Universidade Federal de Goiás (UFG), de acordo com pesquisa realizada pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes). Ao todo, foram ouvidos mais de 22 mil alunos de cursos presenciais em todo País e a média nacional registrada no estudo foi de 43%.

O perfil econômico dos estudantes é atribuído às políticas afirmativas e a expansão das vagas na universidade. Na UFG, 55% dos alunos pertencem a famílias com renda que vai até cinco salários mínimos, valor equivalente a R$ 2.550. Segundo o estudo, esta parcela da população era a que costumava ficar de fora das instituições públicas de ensino, consideradas as que oferecem melhor qualidade de ensino e que fazem pesquisa científica.

Adriana Candido é um exemplo desta perspectiva e teve de esperar até os 34 anos para conseguir sua vaga na UFG. Ela tentou vários vestibulares para Direito, mas não foi aprovada. Para a recepcionista, a aprovação no vestibular serviria somente no curso noturno, pois ela não poderia deixar o trabalho para dedicação exclusiva aos estudos. Atualmente, Adriana faz curso de Letras na modalidade Língua Brasileira de Sinais (Libras) e estuda à noite.

Trabalho e estudo

Matriculada na segunda opção de carreira profissional que escolheu, Adriana afirma que sua situação é comum a dos colegas. "O nível social é maior entre os estudantes da manhã e da tarde. As licenciaturas noturnas geralmente são frequentadas por gente como eu, que trabalha e estuda", diz. A rotina dividida entre emprego e sala de aula faz parte da vida de 44,9% dos estudantes da UFG.

Na turma de Adriana tem estudantes com idade de até 40 anos, bem acima da média da universidade. Mais de 92% dos alunos matriculados na instituição têm menos de 30 anos. Depois do início da política de cotas, o número de universitários que se declaram negros também aumentou. Hoje, 40,3% afirmam ser pretos ou partos. Quase a metade dos estudantes é oriundo de escolas da rede pública de ensino.

Distorção

Para o reitor da UFG, Edward Madureira Brasil, a instituição possui historicamente elevado número de estudantes de baixa renda. "Claro que eles não estão em todos os cursos que oferecemos, mas essa distorção tem sido corrigida", sustenta. O professor explica que a pesquisa foi realizada apenas dois anos após o início das políticas de cotas. Ele estima que, quando todas as turmas estiverem formando estudantes depois das ações afirmativas, pessoas das classes C, D e E aparecerão nos cursos mais concorridos.