[UFG-Fonte] Melhorias implicam em medidas impopulares (O Popular, 01/08/11)
Melhorias implicam em medidas impopulares
Os principais problemas do transporte coletivo - atrasos, lentidão, superlotação e o alto risco de acidentes - só podem ser resolvidos com políticas públicas restritivas e impopulares. A opinião é de estudiosos do transporte e ajuda a explicar a demora em adotá-las. O engenheiro de Trânsito Benjamim Jorge Rodrigues, do Instituto Federal de Goiás (IFG), já alertava em 2007 que a cidade não suportaria o aumento do transporte individual e Goiânia poderia chegar ao ponto de instaurar o rodízio, como em São Paulo, ou pedágio urbano, para diminuir o fluxo de veículos particulares.
O aumento desenfreado de automóveis - Goiânia bateu a marca de mais de 1 milhão de veículos - foi acompanhado pelo aumento do número de ônibus. Nos últimos 13 anos a frota aumentou mais de 40%. Eram 962 e hoje são 1.371 ônibus. A demanda do transporte coletivo, que em 1998 era de 20 milhões de pessoas/mês, hoje é de 17 milhões, o que significa que, apesar do aumento populacional, houve migração para o transporte particular. Isso reduziu a velocidade média do transporte coletivo a 16 quilômetros por hora, chegando a 11 quilômetros em horários de pico.
Quanto à oferta de serviços, houve uma redução de mais de 40%. Ônibus que realizavam em 1998 algo em torno de 14 viagens/dia, hoje fazem 6 ou 7 viagens/dia, segundo dados do consórcio RMTC. "Os corredores são proposta do primeiro mandato do Iris Rezende (2004-2008). Não resolveriam tudo, mas seriam um grande passo", diz a engenheira civil Patrícia Margon, coordenadora da área de Transportes e Trânsito do IFG. "O problema da mobilidade é mundial e as grandes cidades passam por isso. Para que o transporte coletivo seja bom é necessário, antes, incentivar o não uso de veículos motorizados", diz a professora do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Goiás (UFG), Érika Kneib, doutora em Transporte.
Érika ressalta os avanços no sistema de Goiânia, como o Centro de Controle Operacional (CCO) e o Serviço de Informação Metropolitano (SIM), sistemas logísticos informatizados implantados pelo consórcio RMTC que, segundo ela, chamam atenção de especialistas de fora. "São ferramentas importantíssimas, mas que com o excesso de carros não resolvem os problemas", diz.
Desde 2008, quando foi assinado o contrato, as concessionárias já teriam investido quase R$ 350 milhões, aplicados no CCO, no SIM, em projetos e obras em terminais e principalmente na aquisição de novos ônibus