Livro sobre importância dos arquivos e do direito à memória será lançado em Goiânia
O professor da Faculdade de História e do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Goiás (UFG), Marlon Salomon, lança o livro “Saber dos Arquivos” (Edições Ricochete, 2011) quinta-feira, dia 18 de agosto, às 20 horas na sede da Associação dos Docentes da Universidade Federal de Goiás (Adufg), localizada na 9ª Avenida, nº 193, no Setor Leste Vila Nova, em Goiânia. Marlon Salomon é organizador do livro que reúne ainda renomados professores de universidades da França, da Itália e de Israel.
O livro Saber dos Arquivos é uma coletânea de artigos que tratam de temas como a importância dos arquivos e o direito à memória e à informação, num entendimento de que o saber não está apenas no “tomar conhecimento”, mas no aprofundamento e no verdadeiro saber que pode ser encontrado nos arquivos.“Com os arquivos, saber dos ausentes é possível. Mas não apenas. Com os arquivos, o historiador tem o poder de produzir um saber com estes traços”, explica o organizador na apresentação do livro.
Saber dos Arquivos não é de interesse apenas de historiadores, arquivistas, juristas, psicanalistas, cientistas políticos, jornalistas e filósofos, mas de toda a sociedade, principalmente pela atualidade do tema e sua presença nas pautas cotidianas do Brasil, como o projeto de criação da Comissão Nacional da Verdade, o projeto que tramita no Congresso Nacional sobre a nova lei de acesso à informação, além de um clamor social pela abertura dos arquivos. O caso brasileiro é emblemático para a temática, pois ainda existe um vácuo no conjunto de circunstâncias que explicam a morte e o desaparecimento de presos políticos. “A abertura dos arquivos não é uma consequência automática da abertura política. Como a democracia, os arquivos nunca estão ’dados’”, explica Salomon.
Para Marlon Salomon, a luta pela abertura dos arquivos é uma luta pelo direito de se apropriar da memória. Mas ele faz uma ressalva: “A abertura dos arquivos é uma condição necessária, mas insuficiente da verdade. A verdade não é uma consequência automática e imediata dessa abertura”. Para Salomon, os arquivos se tornaram um problema político, jurídico e filosófico. A gestão do passado no presente das sociedades contemporâneas tornou-se uma questão fundamental. O livro trata, além do fechamento, do problema da destruição de arquivos, que seria um “não-saber”, uma “denegação do outro”, do menosprezo cultural, político e epistêmico pelos arquivos.
Professores estrangeiros colaboraram nesta coletânea organizada por Salomon. Nos casos de Sonia Combe e Adi Ophir são as primeiras traduções de seus trabalhos no Brasil. Sonia Combe relata a reivindicação pelo direito de se apropriar da memória na ex-Alemanha Oriental, que foi transformada em objeto de luta política, na busca dos cidadãos pelos dossiês sobre si mesmos após a queda do Muro de Berlim. Seu texto ainda analisa os debates em torno da recente lei de acesso a informações aprovada na França. Adi Ophir fala da ordem histórica que possui o arquivo e busca definir um conceito de arquivo.
Antonella Solomoni, especialista em história da Rússia e da ex-União Soviética, mostra como uma preocupação inédita pelos arquivos, após a Revolução Russa, esteve na base do projeto de fundação do Estado Socialista. Philippe Artières retrata os arquivos inéditos que surgiram a partir de novos interesses artísticos e de pessoas comuns a partir dos anos 1990. O filósofo e professor do Programa de Pós-Graduação em Educação da PUC-Goiás, José Ternes, escreve a orelha de Saber dos Arquivos.