[UFG] Jovens goianos vencem etapa do Centro-Oeste do desafio Brasil (Correio Braziliense, 08/08/11)

Jovens goianos vencem etapa do Centro-Oeste do Desafio Brasil

 

Carolina Vicentin



André (E), Tiago (C) e Vagner (D), da Cuia: empresa incubada na Universidade Federal de Goiás foi a vencedora

O que refrigeradores, um sistema de geolocalização e o ensino a distância têm em comum? Na cabeça de jovens empreendedores, essas três coisas renderam boas ideias, que estão só esperando um investimento para decolar. E foi atrás desse empurrãozinho que os pequenos empresários estiveram, na última sexta-feira, no Centro de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico (CDT) da Universidade de Brasília (UnB). Eles participaram da final da etapa Centro-Oeste do Desafio Brasil, uma das principais competições de startups do país. Os goianos da Cuia, incubada na Universidade Federal de Goiás, levaram a melhor e partem para a semifinal da disputa, marcada para o fim do mês, em São Paulo.

A equipe vencedora desenvolveu o Hot Deal, um sistema de comércio móvel baseado na localização do usuário. Funciona assim: lojas parceiras estimulam que consumidores comuns anunciem produtos para seus amigos via SMS. “A gente já faz isso no boca a boca. Com o nosso produto, qualquer um pode se tornar uma espécie de vendedor informal, direcionando a publicidade e ganhando algo em troca”, explica Vagner Sacramento, um dos diretores da Cuia. Além disso, o usuário poderá fazer uma busca de estabelecimentos na região desejada. “Nosso principal diferencial é o sistema de geolocalização, uma plataforma capaz de fazer o processamento em larga escala”, diz Sacramento. “Queremos que isso se torne uma aplicação viral, com milhões de acessos.”

Para as duas equipes que não permaneceram na competição, chegar até aqui já ajudou a ter uma noção sobre a viabilidade de seus projetos. Todos os participantes que passam para a primeira eliminatória do Desafio Brasil ganham três horas de consultoria com um profissional especializado nesse tipo de negócio — pode ser um consultor, um investidor ou um professor que fale sobre empreendedorismo. “Praticamente todas as startups carecem de educação financeira. Elas costumam ser muito boas em termos de inovação, mas se esquecem de dar atenção à parte mercadológica da coisa”, observa Rubem Paulo Saldanha, gerente de Educação da Intel. “É preciso perceber a diferença entre entender do negócio e entender de negócio”, reforça.

Criativos
Além de originais, as ideias que passaram pela fase Centro-Oeste foram bastante diversificadas. A Vogaw, por exemplo, apresentou um projeto de educação a distância sob demanda. O Brasil possui algumas plataformas para esse tipo de ensino, mas todas exigem que o interessado, seja uma escola ou um professor autônomo, compre o pacote inteiro de serviços. Outro problema verificado pela equipe da Vogaw é o ambiente hostil desse tipo de sistema. “O ensino a distância e as redes sociais têm crescido muito nos últimos anos. Então nós pensamos: por que não reunir essas duas coisas?”, conta Anderson Couto, um dos sócios da empresa. “Nossa ideia é tornar esse ambiente mais acessível e agradável, respeitando, é claro, a privacidade dos usuários”, completa Cleyverson Costa, outro idealizador do produto.

Já a Velum Tecnologia da Informação, o terceiro competidor, apresentou uma solução de prevenção à quebra de refrigeradores e câmaras frias em supermercados. “Quando esse tipo de equipamento apresenta problemas, o varejista tem muito prejuízo, por conta do custo de manutenção e da perda de alimentos”, diz Luiz Phillipy Sampaio, um dos sócios da empresa. Com o hardware desenvolvido por ele e sua equipe, o comerciante conseguirá prever os estragos. “Todos os problemas apresentam sinais, como os espirros quando alguém está ficando gripado. Nosso produto aponta esses indícios”, resume.

Apostas
O Desafio Brasil não é a única competição de startups do Brasil. Grandes empresas já despertaram para esse nicho há alguns anos, oferecendo reconhecimento e prêmios para as melhores ideias. Na última semana, por exemplo, saiu o resultado do Desafio Buscapé, que escolheu quatro projetos para receber um aporte de R$ 300 mil cada, em troca de 30% de participação no negócio. O Urbanizo, uma proposta que nasceu em Brasília, foi uma das eleitas. Basicamente, o site vai oferecer dados atualizados sobre a valorização imobiliária em várias cidades do mundo, com mapas de calor e histórico do preço do metro quadrado.

“A empresa que comanda o Buscapé, a Naspers, é uma das gigantes da tecnologia, focada em internet e mídias sociais. Como nós queremos estender o projeto para muitos lugares, o apoio deles será muito bom”, comemorou Marcos Roberto de Oliveira, um dos responsáveis pelo Urbanizo. E esse tipo de parceria tende a ficar cada vez mais comum. Pelo menos, é o que desejam as mentes criativas que existem por aqui. “Antigamente, esse trabalho ficava apenas com as universidades e com o governo. Hoje, as empresas estão atrás dos jovens, gente que está disposta a vestir a camisa”, opina Alberto Ivo, da Vogaw.