Estratégias para o agronegócio

Os gargalos e as opor­tu­nidades para o desenvolvimento do agronegócio na região Centro-Oeste pautaram as discussões da Bienal dos Negócios da Agricultura Brasil Central, em Goiânia. A falta de infraestrutura logística ainda é um entrave que preocupa os produtores rurais, que apresentaram aos governadores dos Estados de Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso Sul as reivindicações do segmento, na última quinta-feira.
Segundo o diretor secretário da Federação da Agri­cul­tu­ra e Pe­­cuária do Estado de Goi­ás (Faeg), Bartolomeu Braz Pe­reira, o objetivo dos produtores é fortalecer a interlocução política da região junto ao governo federal para que recursos sejam disponibilizados para obras em infraestrutura. “Estamos nos organizando para fortalecer o debate em torno da política agrícola. Hoje, não temos uma política definida e não podemos continuar assim”.
Essa é a quarta edição da Bienal dos Negócios da A­gri­cul­tura, promovido pelas federações da agricultura do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Distrito Federal. Pereira afirma que os produtores brasileiros, principalmente os da região Centro-Oeste, precisam urgentemente de sustentabilidade. “Precisamos aumentar nossa competitividade em relação aos demais países, o que implica em melhorar as nossas condições de escoamento e as garantias para o setor rural”.    
Para se ter uma ideia, no ano passado, os Estados do centro do país somaram ao todo cerca de US$ 15 bilhões em exportações de produtos agrícolas. De acordo com o diretor secretário da Faeg, a região é uma das principais produtoras de grãos do País e, por isso, precisa estar atenta às demandas mundiais sem deixar de lado às necessidades dos agropecuaristas. “Se não houver uma união agora, vamos deixar passar uma série de oportunidades. Unidos, podemos identificar os nossos grandes adversários, como a fome”.
Para o presidente da Faeg, José Mario Scheiner, a interação das quatro federações do Centro-Oeste é ideal para solucionar alguns problemas que se arrastam durante os anos. “Podemos estar trabalhando políticas públicas que são coerentes a todo o centro brasileiro”, analisa. Segundo ele, a bienal como um momento de reflexão. “A vinda de especialistas com visões em cenários mundiais é muito importante para que todas as pessoas que estão envolvidas no setor agropecuário possam tomar suas decisões.”

Investimentos
A agricultura tornou-se o maior foco de investimentos econômicos, segundo o professor da Universidade de Illinois, Peter Goldsmith, que ministrou palestra, na sexta-feira, 11, no au­ditório do Câmpus II, da Universidade Federal de Goiás. Segundo ele, esse fenômeno é puxado pela emergência de economias em desenvolvimento, combinada à demanda mundial por alimentos e biocombustíveis.
Na avaliação de Goldsmith, os países agropecuários devem tomar liderança nas economias mundiais. “Antes, as populações pobres se alimentavam prioritariamente de grãos, mas, hoje, esses produtos são base para ração animal. A infraestrutura é fundamental para que o Centro-Oeste beneficie sua produção e atenda aos mercados, como os da China.”
De acordo com o presidente da Faeg, o cenário mundial sinaliza para um aumento da demanda mundial de alimentos. “Se formos analisar, aonde podemos expandir a agricultura e a pecuária? O continente africano ainda possui grandes problemas socioeconômicos, a Austrália enfrenta problemas climáticos, os Estados Unidos estão no limite de sua produção, a União Européia sobrevive somente dos subsídios. São questões que recaem sobre o Brasil, e não tem outra região, a não ser o Centro-Oeste.”
Pesquisa
Para o professor Goldsmith, ainda é insuficiente o avanço da agricultura nos segmentos de pesquisa e desenvolvimento. Ele diz que a demanda crescente de alimentos e biocombustíveis, resultará nos prejuízos ambientais e na emissão de carbono na atmosfera.
O evento desenvolveu perspectivas para o futuro, na construção de um ambiente de negócios, defesas do setor no mercado internacional, modelos de negócio, oportunidades e desafios na verticalização da produção agrícola e demandas mundiais por alimentos e biocombustíveis.
 Renato Simplício diz estar satisfeito com os assuntos tratados na Bienal. “Temos que dar o exemplo de união, e que esta região realmente vai cumprir seu papel , não só de abastecimento interno da nossa população, mas para a exportação dos nossos produtos para todo o mundo e no meio ambiente. Nosso lema este foi foi avançar sem desmatar.”
Além da presidente da Confederação da Pecuária e Agricultura do Brasil (CNA), a senadora Kátia Abreu, foram convidados os governadores das quatro unidades federativas e a participação de consultores, economista, representantes das maiores empresas do setor e especialistas de todo o mundo.