Novos rumos da mídia goiana
Começa hoje e segue até sexta-feira (26) o Intermídias – Congresso e Feira Internacional de Comunicação, Propaganda e Marketing, no Centro de Eventos da UFG. O encontro reúne profissionais de comunicação do Brasil em discussões sobre o futuro da mídia e os problemas e soluções para o mercado goiano.
INTERMÍDIAS
O evento é uma oportunidade para novos negócios, porque as oficinas e fóruns de discussão estão direcionados a gerentes de marketing, assessores de imprensa, profissionais de relações públicas, entre outros. Grandes nomes da comunicação vão realizar palestras sobre os novos rumos da comunicação, como Mário Carlon, que é investigador de ciências da comunicação na Universidade de Buenos Aires e de estudos culturais no instituto Gino Germani. Possui quatro livros publicados, incluindo o polêmico O Fim das Mídias de Massa. Redes sociais também serão tema de destaque. Maiores nomes da comunicação e do Twitter de Goiás, por exemplo, farão parte do cenário de discussão sobre os mais influentes da comunicação goiana. Para abordar essa temática, a palestrante e jornalista Rosana Hermann, de São Paulo, vai falar sobre a nova ordem das redes sociais.
Entrevista ~ Sérgio Rizo
Com experiência internacional e ideias contemporâneas, Sérgio Rizo é sócio da empresa RS Projetos em São Paulo e será um dos palestrantes do Intermídias. Rizo vai falar de Mídia Exterior na América do Sul, sendo um dos profissionais que mais entendem do assunto em toda a Améria Latina. Ele é coordenador do mapeamento de Mídia ao Livre no Brasil e do mapeamento amostral no Uruguai, Argentina e Chile. Mas antes de abordar o tema no Congresso, Rizo fala ao DMRevista um pouco sobre mídia internacional, mercado goiano de comunicação e os novos rumos da comunicação do Brasil.
DMRevista – Sérgio, você é pesquisador de mídia exterior na América do Sul. O que trará de inovador para o evento?
Sérgio Rizo – Pretendo apresentar a diversidade das formas e conteúdos dos engenhos publicitários em importantes cidades do Uruguai, Argentina e Chile, mostrando o padrão de organização dos mesmos no espaço. Ao demonstrar esse material, pretendo discutir os paradigmas da publicidade ao ar livre no Brasil em comparação com essas realidades. Além de oferecer uma visão geral sobre temas de interesse tais como a influência das multinacionais, os padrões estéticos e a influência cultural, procurarei oferecer “insights” para os empresários e demais interessados sobre o que vejo de interessante na mídia exterior nas cidades em questão e o que poderia ser implantado no Brasil.
DMRevista – O mercado goiano de mídias tem problemas e um dos objetivos do congresso é discutir sobre isso, principalmente as criações publicitárias. Você já conhece esses problemas?
Sérgio Rizo – Acho que os profissionais precisam fugir um pouco dos jargões. O Brasil é referência mundial em criação publicitária, contudo, às vezes fico com a sensação que a criação é pautada na busca de prêmios pormenorizando objetivos elementares da campanha. A publicidade avilta as virtudes do produto ou serviço oferecido a partir do alinhamento dos objetivos do anunciante e a partir da visão de mundo do criativo, e sempre me pergunto, qual a visão de mundo dos criativos? Existem coisas maravilhosas na mídia que agregam ao produto, contudo existem campanhas que exprimem metáforas “furadas”.
DMRevista – Qual a real necessidade da Comunicação, Informação e Marketing do Brasil?
Sérgio Rizo – A comunicação é um processo vital, existencial. É o tempero da vida! Às vezes penso que é algo tão importante quanto as necessidades básicas, e, assim sendo, a comunidade que melhor se comunica mais perto está da plenitude. No Brasil, os meios de comunicação são amplamente distribuídos e interagem cotidianamente com os diversos grupos sociais, nos mais diversos lugares. Contudo, essa interação poderia ser mais eficaz se houvesse meios com premissas mais horizontais e se a sociedade tivesse maior acesso à educação. Quando elevarmos a cultura da população de modo geral, oferecendo melhores princípios para quem tem acesso à educação e acesso à educação para quem não tem, teremos cabeças pensantes mais críticas e com mais informação para interagir com mais qualidade com os meios e com as informações transmitidas. Acho que os meios têm um papel importante nesse assunto, eles transmitem informações, mas que tipo de informações são essas? Apenas a imposição do marketing? Sedução? Imposição? Acho que podemos fazer mais!
DMRevista – Se compararmos as mídias do Brasil com as de outros países, estamos no caminho certo? Qual o futuro da comunicação brasileira?
Sérgio Rizo – Acho que temos que aprender com o que há de bacana e excluir o que não é bacana. Temos que construir nosso caminho mirando bons exemplos e olhando sobretudo para a América Latina, que deveria ser nossa parceira estratégica. Quer dizer que a Colômbia tem uma ótima produção em comunicação, que o Chile tem ótimos criativos e preços de produção competitivos por exemplo. Que na Argentina temos uma Associação Argentina de Empresas de Publicidade Exterior, a APE (www.ape.org.ar) assim como o Brasil tem a Federação Nacional da Publicidade Exterior, a Fenapex (www.fenapex.org.br), e, no entanto muito nos interessam os modelos europeus e norte-americanos para comunicação e mídia. Nada contra esses modelos hegemônicos, até porque as regiões citadas concentram empresas que são importantes para o nosso País. Mas será que não é hora de estreitarmos os laços com nossos vizinhos? Não é estratégico?
Em Buenos Aires, assim como em Osasco (SP), se discute criar zonas de “Times Square” para publicidade. Por que precisamos importar modelos? Não somos inteligentes o suficiente para criarmos os nossos? Melhor ainda, será que não tenho algo para aprender com nações que têm problemas similares ao meu? Como será que a Argentina, em sua realidade, resolve suas questões, o que posso aprender com eles ou qualquer nação do hemisfério sul é menos importante que o que aprendo com o hemisfério norte?
Infelizmente não sei muito sobre o futuro da Comunicação Brasileira, acho que caminhamos bastante no setor técnico da coisa, mas os demais segmentos dependem das solidariedades entre parceiros e na proposição de uma mídia que ofereça algo mais que vender o peixe para a população.
Intermídias - Congresso e Feira Internacional de Comunicação, Informação e Marketing do Centro-Oeste
Quando: Abertura- Hoje, às 20 horas
Onde: Centro de Eventos da UFG (Campus II - Samambaia)
Entrada Franca
Inscrições: www.contatocomunicacao.com.br/intermidias
Informações: 3224-3737 ou intermidiasweb.blogspot.com