Região metropolitana é a que mais cresce

A população goiana cresceu em 76.800 pessoas de 2010 para 2011. Com esse aumento, o Estado chega a 6.080.588 habitantes e ocupa a 12ª posição entre os Estados brasileiros. Os dados fazem parte da estimativa populacional dos 5.565 municípios brasileiros, em 2011, e foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). Com base nas estimativas, o governo federal consegue determinar quantos municípios e Estados vão receber do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e do Fundo de Participação dos Estados (FPE).
O município de Goiânia foi o que mais cresceu em número de pessoas. Do Censo 2010 para a estimativa de 2011 foram 16.147 habitantes a mais. A Capital ocupa a décima segunda posição no ranking dos municípios mais populosos do País, desde o Censo do ano 2000, quando ela tinha 1.093.007 habitantes. No Censo do ano passado foi para 1.302.001. Na estimativa divulgada ontem, a cidade teria 1.318.148 moradores.
Quando são levantados os 15 municípios mais populosos do Brasil, exceto as capitais, Goiás fica sem representante nenhum. No fim da lista, os com menos habitantes, o Estado aparece com duas cidades. Anhanguera, que fica no Sudeste do Estado e tem 1.030 moradores. A cidade é a terceira menor do Brasil e a menos populosa de Goiás. Também está na lista a cidade de Lagoa Santa, localizada no Sudeste goiano, que aparece na 12 ª posição entre as menos populosas no Brasil.

RMG
Em todo o Estado, a região que mais cresceu foi a região metropolitana de Goiânia (RMG). Dos 10 maiores municípios do Estado, três deles estão localizados na RMG. Além da Capital, Aparecida de Goiânia e Trindade são as mais populosas nessa região.
A cidade de Aparecida de Goiânia ficou atrás apenas de Goiânia no crescimento populacional de 2010 para 2011. O IBGE registrou uma estimativa de 9.435 habitantes. Apesar do crescimento, no comparativo entre o Censo 2010 e a estimativa de 2011, a cidade já registrou um número significativamente acima do atual.
O que tem atraído mais pessoas para Aparecida de Goiânia é a proximidade com a Capital e o custo de vida menor. Para a superintendente de disseminação e divulgação de informações do IBGE em Goiás, Marília Tandaya Grandi, as cidades do entorno de Goiânia se beneficiam da metrópole e elas se expandem e ficam muito próximas, assim como Aparecida de Goiânia, que muitas vezes as pessoas nem notam que estão passando do limite de um município para o outro.
Segundo Marília Tandaya, não seriam somente os moradores que estariam aproveitando os benefícios de estarem próximos à Capital. As empresas também estão migrando para as cidades do entorno, devido ao custo para manter o negócio. Além de imóveis mais baratos, os impostos municipais também são menores.
Para a superintendente do IBGE, o que facilitou o crescimento de Goiânia e das cidades vizinhas são as terras, que sempre foram abundantes. Com o passar dos anos, a cidade começou a oferecer qualidade de vida. Até mesmo a proximidade com Brasília beneficia a RMG. “Algumas coisas culturais que os moradores daqui não encontram têm em Brasília, e devido à distância ser pequena entre essas cidades tudo é de fácil acesso”, disse Marília Trandaya.

ENTORNO
Outro destaque são os municípios goianos que estão no Entorno de Brasília. Eles também tiveram um crescimento bom. Entre as dez mais populosas do nosso Estado, seis estão localizadas em volta da capital federal. Luziânia é a primeira na lista com 177.098 habitantes.
Assim como as cidades que circundam Goiânia, as localizadas perto de Brasília também se beneficiam do crescimento da Capital. Apesar disso, a violência é superior a registradas na RMG. Essas cidades não oferecem qualidade de vida adequada aos seus habitantes, o que contribui para o crescimento da criminalidade.

Divisão
O Estado de Goiás seria composto por quatro legendas espaciais. É o que diz o professor de Demografia do Instituto de Estudos Sócio-Ambientais, da Universidade Federal de Goiás (Iesa-UFG), Egmar Felício Chaveiro. Elas mostram diferentes situações demográficas no Estado e retratam a realidade da população goiana.
A primeira é a RMG, que apresenta um crescimento significativo nos últimos anos. Segundo o professor, isso foi possível investindo em qualidade de vida e melhorando o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Além disso, o fluxo de capital é outro fator importante para atrair mais pessoas para uma região e é grande a circulação de dinheiro na RMG.
O Entorno de Brasília é a segunda legenda espacial. Diferente do que acontece na RMG, lá o crescimento é significativo, mas acontece de forma desordenada. Isso acontece mesmo a capital federal tendo um papel nacional muito importante, onde os acertos políticos são definidos.
A terceira legenda é a faixa sul do Estado, onde estão localizados municípios como Jataí, Rio Verde e Catalão. Eles são os municípios do dinamismo e do agronegócio. Recebem muitos migrantes, têm um Produto Interno Bruto (PIB) elevado. “Catalão é o município da reordenação. Jataí e Rio Verde são potenciais do agronegócio. Essas cidades são um espelho do Goiás moderno”, disse o professor Egmar Chaveiro.
A última são os municípios pequenos, principalmente os localizados no norte e nordeste do Estado. Eles são os que mais perdem habitantes. Além disso, a população é mais rural, existe um alto índice de mortalidade infantil, têm baixo IDH e existe uma diferença social maior que o restante do Estado.
Para o professor da UFG, o Centro-Oeste é lugar de boi, cana e usina hidrelétrica. E o Goiás se desenvolveu onde é mais comum esse tipo de negócio, que movimenta a economia das cidades do interior. “Isso acabou gerando uma evolução desigual da população. A concentração de renda é nítida e acaba gerando problemas como a violência”, afirmou Egmar Chaveiro.
Ele diz que existe uma fragmentação do tecido humano quando acontece a migração. Ele cita o Entorno de Brasília, onde houve grande concentração de migrantes nordestinos a partir do anos 90, mas as cidades não se estruturaram. “O Entorno cresceu muito, mais que a Capital, mas não se organizaram e hoje enfrentam grandes problemas”, concluiu o professor.