Pesquisa investigará causas de acidentes em Goiânia
Vítimas de acidentes domésticos, de trânsito, de trabalho, violência sexual ou de qualquer outra espécie são atendidas todos os dias nas emergências de hospitais públicos dos municípios. Acontecimentos como esses se tornaram comuns e refletem a necessidade de desenvolver ações para prevenção e promoção da saúde e cultura da paz no intuito de evitar tais ocorrências. Para isso, o Ministério da Saúde implantou em 2006 o Sistema de Vigilância de Violências e Acidentes (Viva), que tem como objetivo rastrear informações relacionadas a causas de acidentes que demandam os serviços de emergência e urgência dos hospitais.
A pesquisa, realizada todo ano, vai ser aplicada nas capitais de todo país entre os 1º e 30 de setembro. Em Goiânia, ela será coordenada pelo Departamento de Epidemiologia da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e pelo Departamento de Saúde Coletiva do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP) da Universidade Federal de Goiás (UFG), em parceria com a Secretaria Estadual de Saúde.
As equipes de entrevistadores vão coletar dados de aproximadamente dois mil usuários do SUS, atendidos neste período nas seguintes unidades: Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo), Ciams Novo Horizonte e Cais Jardim Curitiba. De acordo com diretora do Departamento de Epidemiologia e coordenadora da ação no município, Juliana Brasiel, as três unidades foram escolhidas devido à localização e ao número frequente de atendimentos relacionados a casos dessa natureza.
O paciente entrevistado responderá um questionário com informações relacionadas ao perfil epidemiológico das vítimas de acidentes e violência atendidas na urgência e emergência das unidades, com dados detalhados como: o tipo de ocorrência sofrida, a natureza das lesões e evolução do atendimento. A ficha possui ainda questões para identificar o perfil do agressor e o fator de risco para tais causas. Os dados levantados serão divulgados sem identificação dos participantes do estudo.
Segundo Juliana Brasiel, o novo cenário de mortalidade dos brasileiros mostra a necessidade de aprofundar o conhecimento sobre o perfil de violências e acidentes no país. “Antigamente, as maiores causas de morte na população era de doenças infecciosas e parasitárias. Hoje em dia, a violência é a primeira causa de morte entre a população jovem”, afirma a diretora.
Com a pesquisa, pretende-se melhorar o trabalho de vigilância epidemiológica de violências e acidentes por meio do planejamento e execução de ações para redução de ocorrências e atenção às vítimas. E, ainda, a proposição de políticas públicas de prevenção a esses agravos e promoção da saúde e cultura da paz. Por isso, é fundamental a participação dos usuários no inquérito para que seja possível não somente conhecer o impacto de acidentes e violências na saúde pública como também elaborar medidas de combate ao problema.
Mais dados
Além do VIVA, outros dois bancos de dados foram desenvolvidos pelo Ministério da Saúde para monitorar as causas de acidentes e violências no Brasil: o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e o Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH/SUS). Eles desenvolvem suas pesquisas baseadas apenas em registros de casos mais graves de acidentes que resultaram em internação ou óbito da vítima.
Apesar de serem dados importantes para o conhecimento desses agravos, eles não abrangem o perfil de causas ligadas ao atendimento nos serviços de emergência e não possuem informações detalhadas sobre as vítimas e tipos de acidentes. A criação do VIVA possibilitou aprofundar os estudos nesse sentido, bem como identificar problemas ocultos como as violências domésticas e sexual.