[UFG] UFG ganha impulso para pesquisas (O Hoje, 13/09/11)
UFG ganha impulso para pesquisas
Cejane Pupulin
A Universidade Federal de Goiás (UFG) inaugurou, na manhã de ontem, um Laboratório Multiusuário de Microscopia de Alta Resolução (LabMic). Os três novos microscópios vão incrementar pesquisas em várias áreas, desde Geologia e Agronomia até as Engenharias. Foram investidos cerca de R$ 2 milhões, financiados pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). O novo laboratório tem capacidade de aumentar em um milhão de vezes o objeto analisado.
Com esses novos equipamentos, patologias pouco conhecidas terão estudo pioneiro na UFG. Caso do parasita Lagochilascaris – um verme que chega a atingir o sistema cerebral do hospedeiro. Descrito na primeira vez em 1909, não se tem estudos sobre a morfologia – tanto interna como externa – e estrutura do mesmo.
Segundo o professor do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP) da UFG Alverne Passos Barbosa, os novos equipamentos permitem a pesquisa em Goiás. “Por falta de aparelhamento adequado, a pesquisa era feita parcialmente pela UFG com apoio de uma universidade do Rio de Janeiro. Agora, podemos fazer o estudo precursor.”
Mesmo considerado raro – são relatados pouco mais de 100 pacientes com o parasita, mas o Brasil tem 90% dos casos –, o verme se hospeda na região cervical, atacando a área auditiva, olhos, cérebro e pode levar à morte. Normalmente, os vermes são encontrados no sistema digestivo. O parasita rompe tecidos do ser vivo e até mesmo ossos
O professor afirma que a parte mais difícil do tratamento é a investigação da doença – com o estudo, será mais fácil achar essa suspeita. “Muitas pessoas chegam a ter problemas no sistema nervoso central e os médicos não suspeitam que o causador seja um parasita.” O Lagochilascaris é adquirido com a ingestão de carne crua ou mal cozida de animais silvestres – paca, cutia, capivara.
Outras facilidades
Além da área da saúde, os microscópios – Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV), o Microscópio Eletrônico de Transmissão (TEM) e o Microscópio de Força Atômica (AFM/STM) – também incentivaram pesquisas na engenharia. O professor da Escola de Engenharia Civil da UFG Oswaldo Cascudo explica que os equipamentos vão facilitar a análise do concreto feito com metacaulim – resíduo do processo de branqueamento do papel. “Vamos conhecer com mais precisão a estrutura do concreto com metacaulim e sua resistência. Com o objetivo de baratear a construção e reaproveitar um subproduto.”
No Instituto de Estudos Socioambientais (Iesa) da UFG, os microscópios vão permitir o estudo mais aprofundado do fosfato – componente de fertilizantes – e o impacto na agricultura. “O equipamento permite ver a composição química do material, além de possibilitar imagens claras da superfície dos grãos”, explica o professor do Iesa, José Affonso Brod.
Com a versatilidade das técnicas disponíveis, o laboratório é capaz de suprir necessidades de áreas muito diversas como Física, Química, Biologia, Medicina, Odontologia, Farmácia, Engenharia Civil, Engenharia Elétrica, Engenharia de Alimentos, Engenharia de Minas, Engenharia Mecânica, Geologia, Agronomia, Veterinária, Museologia, Criminalística, dentre outras.
É possível analisar estruturas com dimensões que variam desde milímetros até décimos de bilionésimos de milímetro. Por exemplo, pode-se obter desde imagens dos detalhes morfológicos de um inseto até o contorno de átomos.