Retomando atividades

Retomando atividades

Após dois meses fechada, a galeria Antônio Bandeira gradualmente vai retomando seu ritmo habitual. Ainda há alguns resquícios da reforma porque passou o prédio, pequenas manchas de tinta no chão e nos móveis, mas nada que atrapalhe a primeira exposição após a reabertura do espaço, no último dia 12 de janeiro.

Sem disputar espaço com os aparelhos de ar condicionado, como acontecia antes, as 20 xilogravuras do artista João Pedro de Juazeiro parecem ainda mais bonitas. Certamente, seria um excelente programa para uma manhã nublada de sexta-feira de férias. No entanto, no período em que a reportagem passou lá, cerca de 40 minutos perto da hora do almoço, ninguém entrou no local. Alguns funcionários comentam que o movimento de fortalezenses está menor do que antes da reforma. Tirando as excursões de escolas, chegaria a cerca de 50 pessoas no total desde a reabertura - normal com apenas pouco mais de uma semana de volta à ativa.

Outros apontam esse mesmo número, mas por dia. O livro de registro da exposição reúne as assinaturas tanto dos visitantes individuais quanto dos alunos da rede pública levados em excursões agendadas pelas próprias escolas. Se os moradores da cidade ainda não estão a par da reabertura, os turistas não tem decepcionado, no livro de registros do Memorial Sinhá D'Amora, ao ladodas assinaturas, surgem as cidades de Recife, Salvador, São Paulo, entre outras

Mariana Ratts, diretora da galeria, afirma que a média diária de público permance boa: "reabrimos em um momento favorável em que há muitos turistas na cidade e temos um diálogo muito bom com o Centro Cultural dos Correios[a poucos metro dali]. Assim, quem visita um, vai ao outro também". Há ainda os ônibus de turismo que costumam fazer parada em frente à galeria, próxima ao Mercado Central e à Catedral Metropolitana.

Antes da reforma, a Galeria Antônio Bandeira vinha incrementando seu público, com a exposição anterior à reforma registrando a média de 40 visitas por dia. Agora, o trabalho é dar continuidade a esse ritmo crescente. "Antes da reabertura, já começamos a agendar com as escolas e estamos voltando a divulgar nossa programação", diz Mariana.

No período em que parte da galeria esteve fechada, o espaço recebeu uma exposição com desenhos de alunos da rede pública de Fortaleza, resultado de atividades que aconteceram durante o VII Festival de Teatro de Fortaleza, realizado pela Secultfor (Secretaria de Cultura de Fortaleza), em outubro de 2011. Essa exposição continua em cartaz.

Reforma

De maneira geral, a reforma foi positiva. O deslocamento de uma parede falsa agora deixa mais escondidos alguns aparelhos de ar condicionado que atrapalhavam esteticamente a visualização das obras da galeria. As vigas receberam pintura nova e a iluminação foi reforçada. Talvez a única necessidade, porém, seja a retirada da parede falsa oposta, que agora exibe uma estrutura envidraçada - o que significa perda de espaço para exposição.

Segundo Mariana Ratts, as pequenas pendências relativas à reforma do prédio do Centro de Referência do Professor, onde a galeria está instalada, devem ser resolvidas ainda no primeiro semestre: a finalização da pintura da fachada e da estrutura de ferro, consertos nas instalações elétricas e limpeza do espaço - inclusive das manchas de tinta que caíram do revestimento de vigas na galeria. O momento deve ser aproveitado para recolocar a parede falsa.

Importante ressaltar que essa etapa da reforma não irá atrapalhar as atividades da Galeria Antônio Bandeira. Estão mantidas na programação as exposições de artes visuais, bem como as visitas guiadas, oficinas e as reuniões do laboratório de pesquisa.

Espaços educativos

A reforma serviu também para reorganizar os espaços educativos. Até semana passada aconteceu a oficina de xilogravura ministrada pelo artista João Pedro, que expõe suas obras no local. Cerca de 20 pessoas participaram dessa atividade.

O calendário continua com o laboratório de pesquisa que volta a funcionar hoje. A atividade reúne um grupo de estudos com atividades práticas de pesquisa e de leitura dirigida. O intuito é promover o estudo, a pesquisa, a reflexão e a consciência crítica sobre a construção dos lugares de memória para as artes, bem como sobre a existência de uma escrita da história da arte no Ceará; e articular as relações entre arte, patrimônio e instituições.


Os encontros do Laboratório são quinzenais e acontecem sempre na Vila das Artes. O primeiro encontro é com a professora Manuelina Duarte Cândido, da UFG (Universidade Federal de Goiás), que trata do tema "Dejeuner sous l´herbe´ de Daniel Spoerri: diálogos entre arte contemporânea e arqueologia", às 9h. A ideia é debater, a partir desta experiência artística como pesquisa, quais seriam as possíveis relações entre arte contemporânea, produção de registro (memória) e o trabalho do arqueólogo. Em 23 de abril de 1983, o artista Daniel Spoerri organizou nos jardins do Montcel em Jouy-en-Josas uma festa chamada de "Déjeuner sous l´herbe, à l´occasion de l´enterrement du tableau-piège".

Naquele dia, cerca de 80 pessoas, ilustres membros da elite cultural, se encontraram para participar de uma performance de Eat Art, inventada pelo artista, membro ativo do grupo Fluxus e fundador do Novo Realismo.

Uma das atividades já garantidas no calendário da Galeria Antônio Bandeira é o 63º Salão de Abril, que acontecerá de 17 de abril a 30 de junho. Com o tema "A cidade e suas desconexões antrópicas", o evento teve prorrogado o período de inscrições. Agora, artistas de todo o país têm até o dia 31 de janeiro para se inscrever gratuitamente no site: www.salaodeabrilfortaleza.com.br.

Uma comissão composta por três membros selecionará 30 artistas. O resultado da seleção será divulgado no dia 13 de fevereiro, também através do site do Salão.

A cada edição, o Salão de Abril busca ampliar o seu campo de atuação, não se restringindo mais à galeria há alguns anos. Ano passado, por exemplo, foram ocupados espaços no Passeio Público e no IPPOO II (Instituto Penal Professor Olavo Oliveira II), localizado em Itaitinga, Região Metropolitana de Fortaleza.

Mariana Ratts antecipa que a galeria já está preparada para adaptações exigidas pelo evento. "Sempre temos novidades em relação ao Salão de Abril, mas não dá para adiantar nada agora, porque pensamos o espaço a partir das obras selecionadas", explica. A última edição teve uma sala específica montada para homenagear o artista plástico Zé Tarcísio.

Além da exposição, artistas ibero-americanos marcarão presença no Salão de Abril, expondo e discutindo sobre suas criações. O Salão promoverá ainda debates explanando várias questões inerentes à formação, transformação e desenvolvimento sustentável das cidades, tais como, adensamento urbano, resíduo social, pobreza e exclusão, saúde e doença social, educação e formação, entre outros.

FIQUE POR DENTRO

Quatro décadas de tradição

A Galeria Antônio Bandeira tem 40 anos de história. A criação deste espaço expositivo para as artes visuais em Fortaleza está vinculado à transferência da produção do Salão de Abril - que até então era de responsabilidade da Scap (Sociedade Cearense de Artes Plásticas) - para a Prefeitura Municipal de Fortaleza. Na década de 1970 foi transferida da Praça da Criança para uma sala no subsolo da Praça do Ferreira. Nos anos de 1980 foi incorporada à Funcet (Fundação de Cultura, Esporte e Turismo) e foi ao Passeio Público, funcionando no quiosque até 2003, quando foi construído um espaço próprio para exposições no Centro de Referência do Professor. Atualmente a Galeria Antônio Bandeira conta com uma sala expositiva para exposições de curta duração e com uma sala que abriga a exposição de longa duração que expõe o acervo do Memorial Sinhá da Amora. Inaugurado em 2002, o Memorial conta com 14 obras, objetos pessoais, medalhas e troféus da artista cearense.


Mais Informações

Galeria Antônio Bandeira (Rua Conde D´Eu, 560). Contato: (85) 3105.1403.